A concentração de poder político, a estatização da economia e o controle da mídia são sintomas clássicos de um exacerbado socialismo nacionalista
“Presidentes que não saem do ar: Hugo Chávez, da Venezuela, Cristina Kirchner, da Argentina, e Rafael Correa, do Equador, usam redes nacionais de rádio e TV para impor sua visão”, informa “O Globo” de ontem em matéria que revela como arma política o “microfone estatal a serviço do poder”.
Estive em Cuba com minha família há apenas alguns anos. Fidel Castro era ainda presidente. Quando liguei a televisão no hotel e percorri os canais, o comandante estava em todos eles. Era ainda pior do que esse clássico sintoma de tiranetes em ascensão que se comunicam com frequência em cadeias nacionais de televisão. Filmado em diferentes ocasiões, em longuíssimos discursos, fazia preleções para crianças em escolas, presidia reuniões políticas, exortava jovens em cerimônias de formatura universitária, recebia delegações políticas estrangeiras, em onipresente tentativa de lavagem cerebral. Entusiasmante nos primeiros minutos, tolerável por meia hora e insuportável a partir de então. Chávez, a cuja visita pude assistir naquela ocasião, teve mesmo em Fidel um grande mestre.
Hoje sabemos todos que Lula não era Chávez. Mas nem todos sabíamos que o Brasil não é a Venezuela. O antigo procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza sabia. O atual procurador-geral, Roberto Gurgel, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa também. Quem não sabia era a turma do mensalão.
Há quem, ainda hoje, acredite na concentração dos poderes políticos, na centralização administrativa, na estatização da economia e no controle da mídia como receitas adequadas para o Brasil. O equívoco intelectual tem nome: um exacerbado socialismo nacionalista.
Essa é uma estrada conhecida, trilhada à “esquerda” e à “direita” por regimes totalitários que infelicitaram milhões de seres humanos. Enveredaram por esse caminho as ditaduras de partido único da Itália de Mussolini, da Alemanha de Hitler, da Rússia de Stalin. O caminho da servidão.
“Mussolini foi antes de tudo um socialista. O ingrediente nacionalista foi também virulento. O fascismo italiano é, como o nazismo alemão, um nacional-socialismo”, diagnostica o insuspeito e lúcido Edgar Morin, em “Cultura e barbárie europeias” (2005). O socialismo bolivariano é a doença latina do século XXI.
Fonte: O Globo, 20/08/2012
O Anti-bolivarianismo tornou-se o que ja foi o perigo da expansao comunista ou cubana para a america latina na mentalidade das elites brasileiras. Ao ponto de alguns inclusive defenderem abertamente o golpe em Honduras, o golpe no Paraguai, sem conhecer nada, absolutamente nada desses paises. Tem articulistas falando irresponsabilidades, como se a Venezuela fosse ditadura, Equador, muito pelo contrário. Ao ponto do Assange migrar para lá, ter esse desejo. Enfim, parem de lamber botas de Uribe e vao estudar America Latina, voces nao sabem nem o nome dos 2 ex presidentes, de 3 estados e dos maiores centros urbanoss dos paises que mencionam para fazer um debate serio de conjuntura.