Start-up é o nome dado a empresas recém-inauguradas que se propõem a colocar de pé ideias “fora da caixa”, capazes de mudar o jeito tradicional de fazer uma atividade. O lançamento desses negócios, diferentemente do que muita gente imagina, não é exclusividade de jovens.
Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), obtido pelo GLOBO, mostra que 38% das start-ups brasileiras são de pessoas com mais de 45 anos. Outro levantamento recente do instituto americano de tecnologia MIT mapeou as start-ups abertas na última década e concluiu que as que tiveram alto crescimento foram fundadas por quarentões.
No Brasil, entre os motivos que levam uma pessoa com mais de 40 anos a abrir seu negócio estão a vontade de tirar do papel uma ideia ou o cansaço da vida corporativa, aponta Sylvio Gomide, diretor do Comitê Acelera Fiesp, responsável pelo levantamento das start-ups.
É justamente com este contexto como cenário que Carlos Gamboa abriu a Fisher aos 45 anos, uma fábrica de start-ups B2B (de empresa para empresa) do setor financeiro. Formado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e com experiência em altos cargos executivos em bancos, gestoras de financiamentos e fundos, Gamboa decidiu montar seu negócio no ano passado.
– Tinha uma experiência valiosa e uma condição financeira interessante. No fim de 2016 me juntei ao Gustavo Muller, ex-sócio da XP, e sabíamos que aperfeiçoar os serviços de produtos financeiros mal feitos poderia virar um negócio de muito sucesso. Então, montamos a Fisher — contou.
Experiência e meritocracia
Hoje, a Fisher tem em seu portfólio, avaliado em R$ 50 milhões, cinco start-ups que reinventaram ou aperfeiçoaram o jeito de investidores procurarem oportunidades no segmento imobiliário ou de bons pagadores conseguirem um crédito.
O estudo do MIT afirma que a “principal descoberta é que empreendedores de sucesso são de meia-idade, não jovens” e completa: “os fundadores com pouco mais de 20 anos têm menor probabilidade de criar uma empresa que cresça”.
Na visão de Gomide, da Fiesp, é justamente o histórico do empresário com mais de 45 anos que ajuda no desenvolvimento de soluções mais propícias ao sucesso. Por outro lado, os jovens podem ter ideias acentuadamente disruptivas, como foi o caso de Mark Zuckerberg ao criar o Facebook, quando tinha 20 anos, e praticamente inaugurar o segmento de mídias sociais.
– A vantagem de uma start-up é a agilidade. Há ainda uma informalidade, os organogramas são diferentes, o presidente é acessível, há meritocracia. Esse espírito veio para ficar e é bom para todo mundo – afirmou Gomide.
Depois de trabalhar mais de 40 anos na indústria de transformação, Paulo Roberto Rocha, hoje com 63 anos, investiu R$ 600 mil para desenvolver a MRP Smart Solutions, que é uma plataforma de digitalização de processos feitos manualmente nas fábricas que trabalham sob demanda. O objetivo principal da plataforma é ampliar os níveis de produtividade industrial.
– Tenho a ideia de montar essa empresa desde 1998, quando nem existia o termo start-up. Com a crise me impossibilitando a recolocação profissional, decidi desenvolver meu negócio. Quero trabalhar por pelo menos mais dez anos e deixar a empresa para os herdeiros.
Fonte: “O Globo”