Se a compra de um imóvel já é difícil, a de um lote costuma ser ainda mais complicada. Além do investimento e da burocracia envolvidos, é preciso visualizar e elaborar um projeto que se adeque ao espaço. Para tornar esse processo mais ágil e simples, uma startup brasileira criou uma plataforma que funciona como um “decorado dos loteamentos”. Com uma base com milhares de projetos, a InstaCasa ajuda os clientes a visualizar e escolher sua casa dos sonhos.
Além dos compradores, saem ganhando também as loteadoras. São elas que contratam o serviço, que serve como vitrine dos terrenos oferecidos.
Fundado em 2017 pelo arquiteto e empreendedor Maurício Carrer, o negócio acaba de receber um investimento de R$ 700 mil. Foi o primeiro aporte da Construtech Angels, rede de investidores-anjo do Brasil focada no segmento, em um negócio em fase de tração. Também participou do aporte a associação Gávea Angels.
Agora, a startup planeja uma expansão do portfólio de serviços. Para o futuro, quer conectar a plataforma a um e-commerce, onde será possível comprar todo o material necessário para o projeto com apenas alguns cliques.
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Uma pitada de inovação
Filho do dono de uma loteadora, Maurício Carrer acompanhou o mercado imobiliário desde cedo. Mas foi quando se formou em arquitetura e começou a trabalhar em incorporadoras que passou a observar uma das grandes dores dessa área.
“Quando um loteamento começa a ser comercializado, o loteador não mostra o que o comprador está buscando, que é a casa que ele quer construir”, diz. Tomando como exemplo os decorados em projetos de edifícios de apartamento, ele concluiu que poderia trazer o mesmo tipo de encantamento para essa área.
Em 2016, com um investimento de cerca de R$ 150 mil, começou a desenvolver o que viria a ser a InstaCasa. Denis Cossia e Alexandre Hepner, dois ex-colegas de faculdade, e o engenheiro Odilon Castriota também ingressaram como sócios. “Nosso grande investimento também foi o nosso tempo. Ficamos por alguns anos sem ter salário, mas no começo de 2019 o negócio atingiu um ponto de equilíbrio”, diz Carrer.
Do abstrato à tela do celular
Na prática, a plataforma funciona como uma vitrine de projetos arquitetônicos. Por meio dela, as loteadoras parceiras podem mostrar as diferentes possibilidades de cada terreno ao comprador em potencial. A possibilidade é especialmente interessante para os lotes com declive ou aclive, que em geral tornam mais difícil ao cliente imaginar os resultados.
Hoje, a startup mantém uma base com cerca de 3 mil projetos arquitetônicos. Para atender as novas demandas, porém, ela continua aumentando. “Quando as loteadoras nos apresentam um projeto, nós inserimos a configuração dos lotes e as restrições do município na plataforma. Então, ela busca na base o que é compatível.”
Quando há pouca ou nenhuma compatibilidade, a startup desenvolve projetos personalizados às necessidades. “A longo prazo, quando tivermos uma base gigantesca de projetos, talvez não tenhamos a necessidade de desenvolver novos”, diz ele.
Elaboradas em 3D, as plantas podem ser vistas no computador, em celulares e até em realidade aumentada. Elas também informam todos os materiais necessários para a construção, da quantidade de tinta ao número de tijolos.
Por facilitar a apresentação e venda dos lotes, a remuneração da startup está atrelada à sua venda. Quando o cliente compra o terreno, ganha uma senha para acessar a plataforma e escolher o projeto que deseja. Também pode solicitar alterações – que, nesse caso, são contratadas como um serviço à parte.
Expansão
Hoje atendendo 15 loteadoras, a startup quer agora ampliar o segmento em que atua. Além da plataforma, a InstaCasa já passou a oferecer um serviço de assessoria aos clientes que querem atendimento personalizado ao longo do processo de construção.
Outra aposta foi no mercado de crédito, no qual passou a oferecer consultoria para facilitar o acesso dos clientes a empréstimos de bancos. A médio prazo, a ideia é que a InstaCasa tenha sua própria solução de crédito.
+ Hélio Beltrão: O perigo da queda das reservas
Já no longo prazo, o plano é oferecer a compra de materiais dentro da própria plataforma – permitindo que os clientes comprem kits completos de materiais, como se fossem “peças de lego”.
Além de ajudar nessa expansão, o investimento de R$ 700 mil recebido da Construtech Angels e da Gavea Angels também será aplicado na estruturação de uma equipe maior e no desenvolvimento da plataforma. Segundo Carrer, há muito mais espaço para crescer.
“Quando falamos de loteamento, a impressão é de que ele é um nicho pequeno. Na verdade, é por meio dele que as cidades e o país crescem”, diz o fundador.
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”