Formado em Administração, Paulo Castello, de 43 anos, passou por grandes corporações durante a sua carreira. Um ponto que sempre chamava a atenção do empreendedor era a dificuldade de saber quais tarefas eram mais demoradas e problemáticas para os funcionários. “Ao longo do tempo, percebi que não existia uma forma inteligente de mapear os processos. Era necessário sentar com as pessoas, perguntar o que elas faziam e quanto tempo gastavam nas atividades. Para uma grande empresa, isso era inviável”, diz Castello.
Ele é o fundador da Fhinck, startup que ajuda corporações a usarem de forma mais eficiente o tempo, aumentando a produtividade, equilibrando a jornada de trabalho e melhorando processos internos. A empresa mapeia atividades com o objetivo de entender quais podem ser simplificadas. Isso é possível com a ajuda da inteligência artificial que, instalada nos computadores, identifica automaticamente quais atividades levam mais tempo e são mais complicadas. A solução foi bastante procurada durante a pandemia e a empresa teve sua receita triplicada em 2020.
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Antes de abrir a Fhinck, o empresário ficou três anos desenvolvendo a ideia de negócio. “Ser executivo, com estabilidade, e decidir começar uma startup é uma decisão complicada”, diz Castello. Ele estudou o mercado até que decidiu pedir demissão e começar a própria empresa. As operações foram iniciadas em janeiro de 2015.
O primeiro desafio do empreendedor foi trazer pessoas para trabalhar com ele. “Era muito difícil convencer meus amigos, que eram executivos, a entrar comigo nessa jornada”, afirma. Ele conseguiu atrair três empreendedores para o seu time: Sarah Hirota, Eduarda Espíndola e Michel Zarzour. Além disso, Castello diz que, como as startups não eram tão conhecidas na época, era complicado conseguir clientes. “Grandes empresas estavam acostumadas a não contratar serviços das pequenas. Se o seu negócio só tem quatro pessoas, você já é excluído do processo.”
Em 2016, a startup conseguiu o seu primeiro cliente, que ajudou a construir uma boa reputação e acabou abrindo portas para outros. Hoje, dezenas de empresas de diversos segmentos já usaram a ferramente, entre elas Natura, Avon, Bodyshop, Totvs, Santander, Banco BV, Vivara, DHL e Itatiaia.
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A solução já está presente em mais de oito países, como Singapura, Estados Unidos, México, Canadá, e tem planos de chegar em breve ao Chile, Colômbia e Costa Rica. “Como somos muito escaláveis, podemos ter clientes no mundo inteiro, isso sem impactar na quantidade de pessoas no nosso time”, diz Castello.
O diferencial da empresa, segundo o fundador, é que eles não fazem um serviço de vigilância e focam apenas no processo, garantindo que o trabalhador continue anônimo. Eles não tiram fotos de telas e também não cronometram o tempo que o usuário passa em redes sociais, por exemplo.
Quando chegou a pandemia, a Fhinck teve que fazer uma reestruturação em sua forma de trabalhar e atender mais clientes. “Começamos a ter um crescimento porque, com todo mundo em home office, muitas empresas não tinham ferramentas para entender como estavam as atividades fora do escritório e como ajudar os funcionários, especialmente na questão da jornada de trabalho”, diz Castello. Em sua visão, isso foi uma grande preocupação para os RHs que deviam ficar atentos para que os funcionários não tivessem um burnout durante esse período difícil. Com mais demanda, a Fhick também teve que crescer internamente. A empresa passou de 13 funcionários, em março do ano passado, para 30 neste momento.
Os planos da startup incluem continuar neste ritmo de crescimento e abrir escritório em outros países, como Estados Unidos.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”, 11/03/2021
Foto: Reprodução