Apesar da produção de lixo no país ter aumentado nos últimos anos, as práticas do brasileiro em relação ao descarte de resíduos não mudou. Para incentivar a transformação no comportamento do consumidor, a startup Molécoola oferece benefícios, como créditos no Bilhete Único ou Google Play, em troca de embalagens recicláveis.
O modelo de logística reversa de recicláveis pós-consumo é famoso em países da Europa e nos Estados Unidos, no entanto, a diferença da startup paulistana está em sua relação com o ecossistema empreendedor. Em um bate-papo com o Instituto Millenium, o fundador da empresa Rodrigo Jobim conta que sua equipe é composta por catadores de lixo ou ex-funcionários de cooperativas de reciclagem: “Nosso modelo de expansão é baseado em microfranquias, então o objetivo é proporcionar a essas pessoas com um histórico de reciclagem e situação de vulnerabilidade uma alternativa para ingressarem no mercado como microempreendedoras”. Ouça a entrevista no player abaixo e conheça a iniciativa!
Até o momento, existem seis pontos de coleta da startup em São Paulo, mas a estimativa é chegar a mil lojas espalhadas pelo Brasil. Para participar, o consumidor deve se cadastrar no aplicativo da Molécoola e, conforme o peso de seus resíduos, pode acumular pontos parar trocar em lojas parceiras. Para que não haja erro na hora da troca, além dos produtos estarem limpos, o consumidor deve conferir quais os materiais são realmente recicláveis, ressalta Rodrigo:
“Mesmo com a maior boa intenção, 40% daquilo que as pessoas separam em casa e é levado pela coleta coletiva vira rejeito depois da triagem. O consumidor desconhece qual é a maneira correta de tratar o resíduo ou desconhece de fato o que é reciclável e o que não é. A medida em que frequenta as nossas lojas, ele ganha esse conhecimento e aprende como trazer os materiais. Somos um programa de logística reversa do reciclável pós-consumo, mas também um programa de educação ambiental”.
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Para Rodrigo, a falta de educação ambiental não é um problema exclusivo do Brasil, e um dos principais motivos deve-se à “cultura de descartáveis” criada pelas próprias empresas. Agora, ressalta, é a vez dos consumidores adotarem um comportamento mais sustentável: “Como consumidores, fomos educados a termos facilidade e conveniência. De certa forma, fomos um pouco mimados pelas empresas ao longo do tempo. Estamos em um momento que precisamos fazer a volta desse caminho para termos hábitos mais sustentáveis. Acho que o grande desafio hoje está na mudança da mentalidade do consumidor em entender que realmente ele tem um papel fundamental no processo de retorno pós-consumo das embalagens e terá que colocar algum esforço nisso para que o mundo fique melhor”.