O português Rui Ramos sempre gostou de se envolver com o voluntariado. Além de ajudar instituições de caridade em Portugal, ele participava de iniciativas para a entrega de medicamentos e alimentos na Nigéria. Com o intuito de engajar mais pessoas, ele decidiu se unir a um amigo, Marco Barbosa, que tinha desenvolvido um projeto chamado Bewarket, uma plataforma de compra e venda no Facebook que destinaria parte das transações a causas sociais.
Os amigos então levaram o projeto para o Vale do Silício, nos Estados Unidos. Após um período de incubação, voltaram com a ideia de transformar a iniciativa em um negócio.
Em 2014, fundaram a eSolidar. A startup conecta pessoas e negócios a ONGs que precisam de apoio e visibilidade. Este ano, a empresa portuguesa desembarcou no Brasil e busca engajar o público brasileiro em relação à responsabilidade social.
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Como funciona
As ONGs interessadas em participar se cadastram na plataforma e passam por uma avaliação. Uma vez aprovadas, elas podem criar uma página dentro da ferramenta, apresentando suas causas e suas necessidades. Para arrecadar os fundos, a startup oferece quatro frentes principais: crowdfundings, doações, marketplaces e leilões solidários.
A plataforma também permite que pessoas vendam itens que não usam mais e destinem parte do valor para as entidades. Segundo Barbosa, uma das principais iniciativas da empresa é a Campanha do Rock in Rio, que já acontece há quatro anos. A ação leiloa guitarras autografadas e destina o dinheiro arrecadado para o reflorestamento da Amazônia.
A receita do negócio vem do marketplace e dos leilões. As ONGs pagam uma taxa de 5% para as vendas bem-sucedidas e entre 10% e 20% para os leilões que têm itens arrematados.
Em troca, a plataforma disponibiliza um ambiente para as organizações criarem suas lojas e seus leilões solidários. Elas também podem receber donativos de pessoas registradas nas redes da eSolidar. A plataforma conta hoje com 50 mil usuários e 800 entidades cadastradas.
A startup tem, ainda, uma ferramenta destinada ao mercado corporativo. Se um funcionário de uma empresa precisa de uma cirurgia, por exemplo, é possível fazer um crowdfunding na plataforma. As companhias também podem doar para as entidades registradas. Para acessar os serviços, elas pagam uma mensalidade.
Desafios
Para Barbosa, uma das principais dificuldades da empresa tanto em Portugal como no Brasil é se provar como um negócio. “Nos dois países, as companhias olham para a responsabilidade social como algo que não é fundamental, mas sim opcional. É diferente do Reino Unido, por exemplo, onde isso é mais valorizado”, diz.
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A motivação para conhecer o mercado brasileiro veio de um dos investidores da startup. “Percebemos que o mercado estava cada vez mais preocupado com a questão da responsabilidade social e tinha muita curiosidade em saber como nossa plataforma funcionava”, diz Ramos. Segundo ele, o foco inicial é entender as demandas do setor e fechar parcerias com empresas.
Para o empreendedor, os negócios estão mais abertos a investir em causa sociais, principalmente por isso trazer mais visibilidade para as companhias e mostrar aos consumidores que elas estão comprometidas. No ano passado, a empresa faturou quase 200 mil euros (R$ 900 mil).
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”