A Grécia terminou 2014 em maus lençóis. Sua dívida pública corresponde atualmente a quase o dobro de seu PIB, o crescimento de sua economia foi negativo em 2013 e baixíssimo em 2014 (0,6% – sim, ainda assim maior do que o crescimento da economia brasileira). E a coisa tende a ficar pior.
Tudo isso porque neste domingo, 25/01, os eleitores gregos foram às urnas e optaram em boa parte pelo Syriza, partido cujas posições parecem ser a mescla de um socialismo trotskista com um populismo proto-bolivariano e uma forte retórica anti-União Europeia.
[su_quote]Eleger um governo socialista em meio a uma crise nas finanças públicas é algo que pode ser comparado a ir morar na Cracolândia para se livrar do vício em crack[/su_quote]
O Syriza fez diversas promessas ao longo da campanha que cativaram boa parte do eleitorando, que lhe deu 36,3% dos votos. O partido liderado Alexis Tsipras prometeu exigir a renegociação das dívida grega (eufemismo para ‘calote’), aumentar o salário mínimo e os benefícios sociais, e até religar a luz de domicílios que não tivessem pago sua conta. Tudo isso sem aumento de impostos (outra promessa de campanha).
Ao que tudo indica, devemos lamentar pelos gregos, que jogaram fora hoje a possibilidade de se recuperarem economicamente nos próximos anos ao elegerem um governo que tem tudo para afundar ainda mais o país. A Grécia chegou à atual situação de quase insolvência fiscal (governos não quebram, como bem sabemos) devido a anos e anos de gastança desenfreada. Talvez seja necessária uma queda ainda maior para que os gregos finalmente caiam na real e entendam que não se pode viver eternamente gastando além das suas possibilidades. Como afirmou celebremente Thomas Paine em seu “Common Sense”, “o tempo converte mais do que a razão”.
Eleger um governo socialista em meio a uma crise nas finanças públicas é algo que pode ser comparado a ir morar na Cracolândia para se livrar do vício em crack. Aliás, éaté pior, pois sempre se ouve falar da história de um ou outro viciado que se cura. Já exemplos de países que deram certo implementando medidas socialistas não conhecemos rigorosamente nenhum.
Ao longo dos próximos anos o povo da Grécia deverá aprender na prática que “o socialismo dura até que acabe o dinheiro dos outros”. A Grécia é um dos países mais pobres da Europa, mas ainda assim muito mais rica do que qualquer país latino-americano. Minha aposta, no entanto, é que a conta política de se tentar ignorar os ventos da realidade venha antes mesmo de a Luciana Genro, tiete de Alexis Tsipras e do pessoal do Syriza, aprender a falar “austeridade fiscal” em grego.
Mas o pior é saber que, ao fim, a esquerda greco-brasileira colocará a culpa de mais essa tragédia socialista em uma suposta “deturpação de marx” ou no “neoliberalismo”. Como é fácil ser esquerdista!
Fonte: Instituto Liberal, 27/08/2015
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