Quando o assunto é o futuro do setor de transportes e o respectivo consumo de combustíveis, o cenário é repleto de questionamentos e dúvidas cruéis. Algumas perguntas típicas sobre o problema em questão são: qual o futuro da matriz de transportes nacional? Qual a tendência para o consumo de combustíveis? Qual o impacto dos preços dos combustíveis no mercado internacional e para o setor de transportes?Em função do comportamento do PIB, qual a tendência para o consumo de combustíveis e movimentação industrial?
Logo, não existe bola de cristal para avaliar o futuro, ainda mais, no longo prazo. Porém, estudos conduzidos pelo Núcleo de Estudos em Operações da Fundação João Pinheiro, simulando para os próximos dez anos, as características atuais da matriz de transportes brasileira, em correlação ao possível aumento da capacidade produtiva pela Petrobras, mediante a camada pré-sal e por avaliações econômicas, podem indicar um cenário futuro e referencial.
A preocupação central é a matriz de transportes. Apesar dos argumentos favoráveis a adoção dos biocombustíveis, mediante a vantagem do álcool combustível, frente à gasolina para os veículos a passeio, muitos analistas esquecem-se de avaliar os demais modais de transportes, como o rodoviário de cargas, ferroviário, aquaviário e o aeroportuário. Em todos os casos, a dependência para os derivados de petróleo é determinante. Destaca-se, em todos os casos, as anomalias do setor rodoviário, com dados críticos pesquisados por instituições de peso, como a ANTT (Agencia Nacional de Transportes Terrestres).
Estima-se que 88% das estradas nacionais são não pavimentadas, com 82% dos motoristas autônomos e caminhões com idade média de 21 anos, em relação aos 5 anos, em média, comparativamente aos Estados Unidos, como benchmarking mundial. Ou seja, pensar em adotar novas fontes energéticas, seria viável somente, através de uma capacidade ótima de investimentos privados, e/ou por incentivos governamentais. Nestas horas, pensar em sustentabilidade é vital, para a redução das emissões poluentes, porém, quase sendo um filme de ficção científica.
Caso a capacidade de exploração e produção para os derivados de petróleo seja confirmada, segundo o planejamento operacional para o pré-sal, a tendência seria a manutenção dos investimentos em combustíveis fósseis, cabendo as indústrias automobilística, ferroviária, aeroportuária e naval, em focar no pensamento tecnologicamente viável e menos poluente.
Por enquanto, resta para os biocombustíveis a alternativa para complementação aos derivados de petróleo, segundo estudos em andamentos por organismos governamentais e empresas privadas. Uma fundamentação para esta teoria é a volatilidade dos preços das commodities no mercado internacional e futuro, o que dificultaria o avanço para o mercado consumidor.
Finalmente, este texto não tem a pretensão em adivinhar o futuro, mas as evidencias em relação a matriz de transportes do Brasil, bem como o comportamento dos combustíveis e da atividade econômica, são claras para a continuidade do modelo intensivo em petróleo e no elevado consumo energético. Resta para as autoridades públicas e empresas privadas, a busca por alternativas viáveis para o planeta e para a sobrevivência alheia.
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