Por João Parera
Há quatro anos, víamos um candidato social-democrata muito social, pouco democrata. Ao invés de defender as ideias consagradas por seu último colega partidário presidente, o candidato preferia fazer social. Vestia boné da Caixa Econômica Federal, colava em si adesivos do Banco do Brasil. Isso mesmo: ao invés de ameaçar privatizar também essas e outras instituições públicas, perdia tempo discursado que as manteria estatizadas. Para quê? Para socializar com os potenciais eleitores do concorrente.
Desse modo, há quatro anos, o “oposicionista” vestiu a camisa do adversário e cometeu o maior pecado: preteriu a democracia. Lamentável.
Isso porque, esclareço, como qualquer ser humano minimamente estudado sabe, quanto maior o Estado (ou seja, maior o número de funcionários públicos nas tais instituições públicas), maior a lentidão na prestação dos serviços; maior a lentidão para a população desenvolver o comércio e a qualidade de produtos e serviços; maior o risco de inflação descontrolada; maior a corrupção, o risco de pobreza, miséria, violência; menor o respeito à lei, à propriedade privada; menor a liberdade de agir e de pensar e, com isto, maior a infelicidade das pessoas – ou você é feliz quando te inibem de algo que você deseja? E, assim, maior o controle do Estado sobre as pessoas. Portanto, maior o Estado, menor a democracia (salvo as exceções das exceções como a Suécia, em razão da cultura popular oposta à latino-americana, mas isso é tema para outra dissertação).
Feito o esclarecimento, repiso que o então social-não-democrata virou a casaca ideológica. E, desastrosamente, perdeu a eleição e a confiança de seus seguidores. Mais quatro anos do amigo de Chávez.
Os erros da “Direita” se repetem este ano. Infelizmente. Só mudou a figura do postulante. Ele insiste em acreditar que vá ganhar a eleição com os dogmas (tem algum?) do inimigo, o qual, torrando o meu e o seu com publicidade, atingiu níveis históricos de engano – ops!, de aceitação – junto ao povo e tenta, sob a célebre expressão atribuída a Maquiavel, incluir a lula no cardápio tupiniquim.
É triste que a “Direita” permaneça entre aspas e não mostre sua valiosa identidade.
O atual pleiteante prefere ignorar, perante os eleitores, que foi um partidário seu quem conseguiu a maior vitória de um governante brasileiro nos últimos 510 anos no Brasil – estabilizar a moeda.
E que, graças ao mesmo “cara”, outras enormes conquistas foram alcançadas, como o povão ter celular, quando só os ricos possuíam telefone fixo. E que tais triunfos foram conquistados com base em três ideias rígidas: liberdade individual (que gera livre concorrência), previsibilidade de preços e prezo à segurança jurídica, ao respeito às regras, as quais devem ser mínimas sob pena de se interferir demasiadamente na liberdade das pessoas.
Ao invés de invocar esses e outros inúmeros feitos do único presidente responsável fiscalmente, o novel (apenas) social não defende o controle da inflação pelo sistema de metas, por exemplo. Inadmissível! Isso é até pior do que bradar que “o petróleo é nosso”!
Ainda, é deplorável que, pela segunda vez consecutiva, o principal candidato de oposição olvide noções como a de que o Estado serve para assegurar a igualdade de oportunidades para a população, e não a igualdade de resultados.
Também é abominável que tanto o atual como o ex-candidato assistam pacificamente ao escracho, a destruição da própria Constituição Federal, uma jovem de 22 aninhos, promulgada depois de um quarto de século de repressão e tortura.
Friso que tal esculacho é apresentado em diversos fronts. Vejam o que se passa na Receita Federal; observem a esnobação do Presidente com as decisões do Poder Judiciário Eleitoral; atentem para a progressão geométrica dos gastos públicos e dos tributos; informem-se da atuação das agências reguladoras; recordem as proibições ao jornal paulista “Estadão”; saibam que querem anistiar criminosos com a mudança da legislação ambiental; sintam falta das brincadeiras dos Cassetas & Planetas, CQCs da vida!
Portanto, convido os piciformes a tornarem a ser eles mesmos! Não devem temer a popularidade do amigo dos aloprados! Ainda há tempo para salvar o país das garras da antidemocracia, da gastança irresponsável, da invasão dos companheiros às instituições públicas empresárias e fiscalizadoras, enfim, dos primeiros passos para a volta à ditadura, à repressão, à barbárie.
Quem já conhece esses males não pode mais ver para crer. E quem não os conhece, não pode reconhecê-los!
Por melhor intencionado que o restante da turma da natureza seja, os tucanos são os únicos que ainda possuem alguma força política no país para nos proteger da iminente volta do terror!
Por isso, suplico aos tucanos: voltem a voar!
No Comment! Be the first one.