Imagino que o nobre cidadão esteja cansado de ler notícias sobre corrupção, farsas e mentiras; imagino que os senhores pais e mães estejam preocupadíssimos com a decadência da escola pública e, consequentemente, com a falta de perspectivas de um futuro melhor para seus filhos; imagino que os aposentados estejam apavorados com a volta da inflação, que consome silenciosamente substancial parte de sua limitada renda; e, por fim, imagino que todos estejam preocupados com o risco real da insegurança, da violência e da intranquilidade social, sem esquecer, é claro, da temerária situação da saúde pública brasileira.
Os problemas acima enumerados têm uma razão comum: revelam a incompetência dos governos. E vejam que interessante: a ineficiência governamental, antes de um problema político, configura um desrespeito à legalidade vigente. Falo isso porque a Constituição, em inúmeros dispositivos, determina a cogente realização de altas finalidades públicas. Logo, quando o governo descumpre o que está determinado, há uma clara situação de ilegalidade. E, sabidamente, governo ilegal jamais conseguirá ser moral.
Sim, nossos políticos não são primorosos. E pior: não existe nenhuma perspectiva de que o quadro irá mudar no curto prazo. Falo isso porque, enquanto nossas personalidades superiores se abstiverem do dever de participar ativamente dos assuntos públicos de nosso país, o nível da política será esse que aí está. Não adianta pensar que milagres vão acontecer; não vão. Os destinos políticos de um país estão intimamente ligados ao grau qualitativo de suas forças ativas. Logo, a decadência da vida pública é um claro sintoma de um pueril sentimento republicano.
Sem cortinas, estamos pensando muito mais em interesses individuais do que nos destinos de nossa sociedade. Construir e pensar um bom futuro para si é legítimo e necessário. No entanto, o indivíduo é uma parte do todo. Assim, quando o todo vai bem, as individualidades se destacam ainda mais. É hora, portanto, de pensarmos o Brasil. O que eu quero é só, e somente só, um bom governo. Nada mais. E você, o que quer para o nosso país?
Fonte: Zero Hora, 12/08/2014
No Comment! Be the first one.