A mesma televisão que me oferece um carro “popular” pela bagatela de R$ 30 mil tenta me vender o Partido dos Trabalhadores (PT) como símbolo de honestidade e transparência. Não estou a fim de comprar nenhum dos dois. Gostaria apenas de poder ver a Gisele Bündchen com as roupas íntimas da Hope, mas não consigo – a publicidade foi tirada do ar por pressão da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
A impossibilidade suscita a pergunta: quem pressiona o PT ou qualquer um dos demais partidos a tirar do ar algum tipo de propaganda enganosa? Ninguém. Os políticos estão autorizados a divulgar no antigamente chamado “horário gratuito” qualquer bobagem, qualquer baboseira, qualquer mentira, inclusive esta de que o PT é o partido da transparência. E o fazem com o meu dinheiro ou, melhor dizendo, com o dinheiro do contribuinte: passou de R$ 1 bilhão, entre verbas destinadas aos fundos partidários e renúncia fiscal – oferecida a emissoras de rádio e TV – o valor gasto pelo governo federal com a propaganda política só na campanha do ano passado.
Que tal instituirmos um Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária (Conar) para a propaganda eleitoral ou política? É o mínimo que os contribuintes – e eleitores – teriam direito. Algum órgão, alguma instituição, precisa defendê-los do festival de mentiras que freqüenta esses horários políticos do rádio e da televisão.
Para quem não sabe, o Conar é o órgão que defende os consumidores da propaganda enganosa. Funciona assim: qualquer consumidor que se sentir atingido em seus direitos de contribuintes ou cidadãos por qualquer espécie de publicidade exibida por qualquer mídia no Brasil pode entrar com uma representação no Conar. As denúncias são julgadas pelo Conselho de Ética, com total e plena garantia de direito de defesa aos responsáveis pelo anúncio. Quando comprovada a procedência de uma denúncia, é responsabilidade do Conar recomendar alteração ou suspender a veiculação do anúncio. O órgão foi instituído em 1980.
Com o Conar dos Políticos ganharia o cidadão, ganharia o contribuinte, ganharia o eleitor e ganhariam também os telespectadores e ouvintes do rádio: é bem provável que, por falta de discurso, o horário político, de modo geral, seria retirado do ar.
O problema, na verdade, está na raiz dessa crise, que se aprofunda a cada ano, da ainda jovem, quase adolescente, democracia brasileira. Os partidos políticos ficaram sem discurso. Perderam toda a credibilidade. OU mentem de modo descarado ou ficam sem ter o que dizer. Eleitores e cidadãos olham para as casas legislativas, das três instâncias da federação, como quem olha para uma espécie de feira de Bagdá, atividade movida exclusivamente por interesses pecuniários. E olham também para a imagem dos políticos como quem olha para a imagem do Fernandinho Beira-Mar. Nunca se viu tanta indignação contra a classe política em pelo menos 50 anos de República.
Se eu fosse político de carreira estaria muito preocupado, pois não se sabe até quando a grande massa da população vai suportar tanta mentira e tanta roubalheira. Uma hora a casa pode ruir.
Belo artigo, Pio.
Achei interessante a idéia exprimida no texto e quero me somar a ela. Já algumas atividades aqui em Sergipe contra a corrupção e em favor da cidadania. Espero que entrem em contato comigo.
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Aguardo contato!
E esse conar dos políticos deverá ser como o da nossa “grande ” imprensa? Tá brincando né?