Não é a primeira vez que escuto que o MSN Messenger está bloqueado para os usuários cubanos. Faz quase três anos que uma amiga me introduziu furtivamente no escritório estatal onde trabalhava para que eu pudesse me conectar na Internet. Queria escrever um artigo e me faltavam alguns dados, assim foi que lhe pedi uns minutos em frente ao obsoleto computador de sua empresa. Era nos tempos em que eu me fingia de turista para conectar-me na rede nos hoteis e naquela semana não tinha os pesos conversíveis para pagar uma hora de acesso.
Minha amiga me leu a lista do que estava proibido nessa conexão institucional e acrescentou que o MSN não funcionava porque estava bloqueado há vários meses. “Não podes usar nenhum mensageiro que não seja local” e “nem pense em entrar no El Nuevo Herald”, disse-me enquanto abria os olhos desmesuradamente. Quando indaguei sobre as limitações para conversar com o software da Microsoft, esclareceu-me que não devia empregar nenhuma interface que os administradores da rede não pudessem controlar. O Hotmail estava proibido porque era quase impenetrável para a observação que se fazia nas correspondências dos empregados. Pouco tempo depois, o Messenger do Yahoo e o do Gmail seriam também contraindicados – pelas mesmas razões – nas conexões de trabalho e educativas.
Agora a proibição vem do outro lado, mais precisamente da parte dos que fizeram um programa que nos ajudava a escapar do controle. “Foi interrompido o Windows Live Messenger IM para os usuários de paises embargados pelos EUA” diz a nota que a Microsoft publicou, anunciando o corte. Sinto que com ela, nós, os cidadãos, voltaremos a sair perdendo, pois nossos governantes têm seus próprios canais para comunicarem-se com o resto do mundo. Isto é – claramente – um golpe nos internautas, aos “foragidos da rede” que somos quase todos nós que entramos na Internet em Cuba. Com certeza na empresa da minha amiga o censor que monitora as conexões deve estar comemorando: a Microsoft acaba de fazer o trabalho por ele.
(Publicado em Geração Y)
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