Os recentes acontecimentos mundiais envolvendo o Egito e, os países árabes, lembram-me o famoso político americano e candidato à Presidência dos Estados Unidos, Wendell Willkie, que escreveu o livro intitulado “Um mundo só” que, alcançou grande sucesso. Dizia ele: “E, finalmente, quando digo que o mundo reclama a plena co-participação de uma América segura de si, estou apenas transmitindo um convite dos povos do Oriente. Os povos do Oriente querem que os Estados Unidos sejam seus consórcios nesta grande aventura. Querem juntar-se a nós na criação de uma nova sociedade de nações independentes, libertas por igual das injustiças econômicas do Ocidente e das más praticas políticas do Oriente. Mas, como sócios desta nova e grande combinação, esses povos não nos querem hesitantes, tímidos e incompetentes. Querem-nos como sócios que não hesitem em falar claro sobre a correção das injustiças, onde quer que se apresentem no mundo”
Willkie escreveu isto em 1943, 68 anos atrás. Nenhum destes conselhos foi seguido pelos Estados Unidos. Basta ver as invasões do Iraque, Afeganistão e, a tímida e confusa atitude perante os acontecimentos atuais do Egito. Conversando com diplomata amigo, ele dizia que os Estados Unidos tinha política externa sem orientação firme, mudando frequentemente seus rumos, ora defendendo ditaduras, ora atacando-as.
Mas o Brasil? A política externa no governo Lula foi um desastre, com a atuação de Celso Amorim e do “outro chanceler” Marco Aurélio Garcia. Basta citar a proteção a Zelaya de Honduras. Não reconhecer o atual governo de Honduras, legitimamente eleito, é criar situações embaraçosas que, não levam a lugar nenhum. Pretender ser mediador na questão da política nuclear do Irã foi outra leviandade.
Não vejo grande importância no lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU. Com o direito de veto que tem China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia, o voto de todos os outros membros nada vale.
Não gosto de discutir política externa. Meu parente José Carlos de Macedo Soares, duas vezes Ministro das Relações Exteriores do Brasil, dizia que, discussão entre países sobre política externa é como iceberg: “a maior parte fica escondida.”
Rio Branco, nosso grande Chanceler, firmou como linha mestra de nossa política externa a não interferência nos negócios internos de outros países. Sábia orientação. Isto não significa alhearmos-nos dos acontecimentos mundiais. Felizmente nosso Itamaraty é composto, em sua maioria, de funcionários de escol, preparados para entender que hoje vivemos em um mundo só.
Faço votos para que a nova Presidente, Senhora Dilma Rousseff siga estes passos. Suas declarações recentes sobre política externa são animadoras. Vamos esperar, embora a sombra do inefável Marco Aurélio Garcia continue por perto.
Termino com Lord Bacon, estadista inglês, cujo pensamento se aplica como uma luva à política externa do governo Lula: “Nada há que seja mais prejudicial para uma nação como o serem os políticos considerados sábios.”
No Comment! Be the first one.