O foco era no ‘que’ foi dito, e não em ‘quem’ o disse
Não existe oposição liberal organizada no Brasil. Há uma clara hegemonia da esquerda entre os vários partidos.
Mas o DEM seria o mais próximo desta bandeira que prega menos intervenção estatal e mais liberdade econômica. E, dentro do DEM, o senador Demóstenes Torres tem sido uma das vozes mais firmes em defesa destes valores, assim como da ética.
Por isso é fundamental usar o escândalo envolvendo o senador e sua mais que suspeita amizade com um contraventor para marcar as diferenças entre a esquerda e os liberais, estes ainda sem representação política.
Quando os homens estão unidos por princípios claros, não há espaço para arbitrariedade. Os princípios servem como critério objetivo para julgar os atos. Em contrapartida, quando se trata de um grupo tribal, o seu membro será sempre tratado com complacência, enquanto os “de fora” serão duramente condenados.
O uso de dois pesos e duas medidas é característica comum a estes grupos, e vale tudo para salvar a pele do companheiro, por mais criminoso que tenha sido seu ato.
Aristóteles dizia que uma sociedade adequada é governada por leis, não por homens. Com isso ele queria dizer que devemos adotar um império de leis igualmente válidas para todos, em oposição ao poder arbitrário que aos amigos tudo dá, enquanto aos inimigos aplica o rigor das leis. Da mesma forma, uma associação adequada é unida por ideias, não por homens, e seus membros são leais às ideias, não ao grupo. A máfia, por exemplo, é o oposto de tal associação, pois seus membros devem lealdade aos demais membros, e não a valores objetivos.
Com esta distinção em mente, fica claro que boa parte da esquerda sempre adotou postura tribal ou mesmo mafiosa. Seus membros são tratados como “especiais”, detentores de um salvo-conduto para “malfeitos”.
Os fins “nobres” sempre justificam os meios obscuros, e os crimes perpetrados por seus líderes nunca são crimes, ao contrário daqueles realizados pela oposição. São sempre dois pesos diferentes, para se obter duas medidas diametralmente opostas.
Foi assim que um assassino frio e cruel como Che Guevara chegou a se tornar herói, ou a mais longa e opressora ditadura do continente até hoje é defendida. Abro um parêntese para lembrar que tanto Mussolini como Hitler, apesar de tratados como os monstros que eram, porque são vistos como de “direita”, eram na verdade coletivistas antiliberais que nasceram na esquerda socialista e sempre condenaram o capitalismo.
Fecho o parêntese.
É com base na mesma lealdade mafiosa que alguns petistas sempre partem para a acusação de uma fantasiosa “mídia golpista” quando escândalos envolvendo seus aliados vêm à tona. Curiosamente, eles logo esquecem esta imprensa “golpista” quando o escândalo envolve a oposição. Dois pesos e duas medidas, a marca registrada da nossa esquerda. Para eles, o camarada não é um “homem comum”, mas sim alguém acima das leis. Não se importam com “o que” acontece, mas sim com “quem” acontece.
Os liberais não aceitam esta postura.
No final de 2011, escrevi para a revista “Época” algumas palavras em homenagem justamente a Demóstenes Torres. Não conheço o senador pessoalmente, mas acompanhei suas lutas no Senado. Esteve quase sempre do lado que julgo correto.
Condenou as cotas racistas, denunciou a doutrinação ideológica pelos órgãos estatais, pregou maior rigor penal para combater a criminalidade, atacou sempre o desvio de recursos públicos e defendeu a urgência de um partido que tenha a economia de mercado e sólidos valores morais como plataforma.
Não poderia concordar mais! O que falta em nossa política é um partido que rejeite esta visão predominante de que o governo é uma espécie de deus clarividente capaz de gerar progresso por decreto. Países com mais intervencionismo estatal invariavelmente acabam com menos riqueza e liberdade.
E nada mais absurdo do que combater o racismo com segregação racial.
Logo, Demóstenes mereceu cada elogio que fiz. Afinal, eu focava no “que” foi dito, e não em “quem” o disse. Da mesma forma, agora que gravações comprometedoras vieram a público, enorme decepção à parte, continuo focando no “que” mostram os fatos, não sobre “quem” eles recaem. Defendo uma investigação minuciosa e, se for o caso, a severa punição do senador. Sob meu ponto de vista, ele é apenas um homem comum, um indivíduo como qualquer outro, que deve respeitar as mesmas leis.
Infelizmente, isso é algo que a esquerda em geral e os petistas em particular parecem nunca compreender: a importância de se ter apenas um peso, e uma medida.
Fonte: O Globo, 03/04/2012
A oposição é burra independente qual lado ela esteja.
Os nossos polticos não fazem politicas ideologicas,fazem sim fazer politicagem.Uma pena.Enquanto estiverem com esse tipo de pensamento nunca o país vai levar os seus politicos a sério.
Quer dizer então pelo fato de eu,ser a favor das cotas sou racistas,Rodrigo? Rapaz,continue falar de economia,tú não sabes nada de história.
Acredito que essa é a forma de pensar de quase todos os eleitores e (até dias atrás) admiradores do Senador pensam desta forma. Sendo assim, ainda existe moralidade no Brasil, o problema é quem nos governa estão blindados dessa moralidade. E a única coisa que eu consigo ver como explicação é a falta de oposição, que poderia mostrar a diferença de comportamento entre a moral de um lado e do outro.
eu sou tão liberal quanto voce.desde a morte de Roberto Campos me sinto orfão.mas quero deixar claro.os costumes da politica pioram sensivelmente com a possibildiade de reeleição(já por si conseguida por meios ruins).portanto pior ainda que o PT é o PSDB.
Aproveitaria este , até certo ponto, inesperado desfecho, para
elucubrar a razão essencial que estaria atrás disso.Somos uma nação imatura, muito próxima ainda do viés colonialista e oligárquico.
O grupo que assume o poder considera a impunidade como fator perfeitamente normal,perante uma massa mantida na ignorância e na desinformação.
O caso Demóstenes tem a originalidade de representar o ápice do cinismo, da hipocrisia e do disfarce de bom mocismo.
Convenhamos que, pelo menos até agora, ele foi um artista.
Rodrigo, se os nossos liberais são tão éticos assim ao tratar da coisa pública, por que Senador Antônio Carlos Magalhães não foi expulso do PFL quando se descobriu que ele quebrou o sigilo de votações no Senado? Por que se permitiu que ele renunciasse e voltasse a se candidatar ao Senado na eleição seguinte?
Devagar com o andor pois o nossos liberais não são santos e também tem pés de barro.
Aliás, se partirmos para investigar seriamente os atos de campanha de nossos políticos não vai sobrar pedra sobre pedra, em qualquer partido político brasileiro.
QUEM É A FAVOR DE COTAS É RACISTA SIM. ACREDITA QUE OS “COTIFICADOS” NÃO POSSUEM CAPACIDADE PARA CONSEGUIR SEUS OBJETIVOS SEM PRECISAR DE UMA “FORCINHA” OU EM TERMO CERTO: “DISCRIMINAÇÃO POSITIVA”. RACISTAS!