A Embraer, a fabricante de aviões que é uma das referências positivas da indústria brasileira, fechará o ano dentro dos números que planejou ao traçar suas metas para 2012.
Por se tratar de empresa aberta, os resultados ainda não podem ser projetados com mais precisão, mas ficarão entre US$ 5,8 bilhões e US$ 6,2 bilhões. É possível afirmar, a duas semanas do fim do ano, que o desempenho será bom e não reproduzirá o pessimismo que se nota em outros ramos da indústria.
A empresa não está, portanto, entre as que viram o mercado se retrair para seus produtos nem entre as que sentiram a concorrência estrangeira avançar sobre sua clientela.
A Embraer, como se sabe, atua num mercado extremamente competitivo, tem concorrentes poderosos e, como toda firma brasileira, pena sob uma carga tributária indecente e exigências burocráticas que nem passam pela cabeça de seus principais competidores.
Mesmo assim, consegue ir adiante e faz parte de um time que, ano após ano, registra desempenhos superiores à média da indústria brasileira.
O que a mantém competitiva no mercado mundial, conforme fica claro nas explicações do presidente Frederico Curado (que ontem recebeu um grupo de jornalistas para um almoço de fim do ano), é o fato de investir em inteligência, em tecnologia, em projetos inovadores, ou seja, o fato de andar na direção oposta à da grande maioria da economia nacional.
Uma característica que a Embraer desenvolveu com agressividade desde sua privatização, há quase 20 anos, foi o olhar atento às necessidades de seus clientes. Seu negócio não é apenas fazer aviões. É vendê-los no mundo inteiro.
Sobretudo a clientes de países desenvolvidos. Um dos projetos que saíram recentemente das pranchetas dos engenheiros e já estão em fase de pré-produção é o do cargueiro militar CK-390.
Ele foi desenvolvido para competir com o lendário Hércules C-130, da americana Lockheed, em operação desde os anos 1950. Só que, como todo bom projeto, o C-130 envelheceu. E antes que outros surgissem com a ideia de criar um concorrente para um líder absoluto, a Embraer largou na frente.
Até que outros fabricantes possam oferecer um modelo semelhante, a empresa brasileira terá conquistado espaço no mercado em que espera vender 700 aviões nos próximos anos. Outro projeto inovador é o do Legacy-500, cujo primeiro protótipo voou na semana passada.
Trata-se de um avião executivo que oferece tecnologia disponível apenas nos grandes jatos de passageiros. Em resumo, é um avião mais econômico, com mais autonomia e mais conforto do que os outros de sua categoria.
É certo que uma empresa com tais características não foi feita da noite para o dia – o que significa dizer que a receita da Embraer não pode ser adotada por outras empresas de uma hora para outra.
Mas é um exemplo que nos faz pensar que a economia brasileira poderia estar num estágio muito mais avançado do que está se outras organizações tivessem, assim como ela, investido em inteligência e se lançado para o mundo alguns anos atrás. Com certeza, estaria numa posição melhor. Muito melhor.
Fonte: Brasil Econômico, 13/12/2012
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