A crise pela qual passam os países desenvolvidos não apenas parece de difícil equacionamento como parece ter de fato passado do ponto. Ou seja, uma solução não ordenada pode ser mais desastrosa ainda para a economia mundial do que em 2008 porque não temos mais tantas políticas macroeconômicas para tirar os países mais ricos dessa situação.
Sempre se colocou que uma das soluções para a crise europeia seria haver livre migração dentro da Zona do Euro. De fato, dados os diferenciais de produtividade, trabalhadores gregos indo trabalhar na Alemanha poderiam equilibrar bastante as diferenças e, consequentemente, diminuir as disparidades competitivas entre os países.
Esse mundo de sonho não ocorre pelas barreiras históricas dentro da Europa, que dificulta essa livre movimentação de trabalhadores.
Mas vale aqui lembrar que se não há migração intracontinente, poderá haver migração intercontinente. No caso, o Brasil poderia voltar a ser um favorito para receber essa população.
Como a Europa passará anos para ajustar a situação fiscal que se encontra e provavelmente parte desse ajuste significará um desmonte do sistema de bem-estar social do velho continente, uma solução para a população mais jovem é vir tentar a sorte no Brasil, como fizeram seus antepassados mais de 100 anos atrás. É verdade que esse processo já começou.
Devido à escassez de mão de obra qualificada, já há uma grande quantidade de estrangeiros vindo trabalhar aqui. Mas o que estamos dizendo é que essa proporção poderá se tornar muito maior, talvez maior do que a demanda inicial pudesse acomodar.
A hipótese aqui é que a crise será duradoura na Europa, por qualquer solução que se dê. Se for por uma unificação fiscal, ela exigirá um controle mais rígido dos gastos públicos e países terão que ceder parte de seu estado social. Caso contrário, terão que fazer isso na força para se ajustar num pós-crise.
Sem ter um horizonte confiável, o Brasil poderia se tornar um grande atrativo. E mais o Brasil do que outros por várias razões: pela história mostrar sermos receptivos a imigrantes; pelo resto da América Latina não se mostrar tão promissora; pelos asiáticos, apesar de também crescerem, não serem culturalmente tão próximos quanto os europeus dos brasileiros, e pela invasão que já ocorre de imigrantes vindos da África, Leste Europeu e Oriente Médio, que já tira parte dos empregos de menor qualificação dos europeus.
Essa ideia pode parecer paradoxal dado que a Europa passa por um processo de envelhecimento e depende de gente mais jovem para crescer.
Entretanto, os efeitos da crise internacional podem ser maiores e diminuir o retorno que essas pessoas teriam nesses países.
De fato, relatório sobre imigração recém-divulgado pela OCDE mostra queda de 25% no influxo de estrangeiros em 2009 em relação a 2007 para os países do grupo. No mesmo período, houve crescimento na saída de pessoas do continente em 20%.
Dada a situação descrita acima, não é de estranhar que esse fluxo de pessoas continue ocorrendo nos próximos anos e beneficie o Brasil com mão de obra qualificada que nossa parca educação infelizmente não consegue ofertar.
Fonte: Brasil Econômico, 18/07/2011
A crise europeia e resultado da politica neoliberal de 70.
O que chama atenção é nos sermos tão hospitaleiros,pois esta gente já levou a nossa madeira o nosso ouro e matou o povo nativo desta terra, em troca nos deram um livro com uma religião imperialista e falida.