Ninguém aguentava mais ouvir falar no destino de Ronaldinho Gaúcho. O leilão em que se envolveram alguns clubes para ter o jogador que um dia foi o melhor do mundo perdeu a graça no instante em que se constatou a falta de profissionalismo com que vinha sendo conduzido.
Em primeiro lugar, o empresário do jogador, seu irmão Roberto Assis, prometeu muito para muita gente. Os clubes, por sua vez, ofereceram dinheiro demais em troca do pouco que o rapaz tem a oferecer.
Ninguém discute que ele é bom de bola e que, se jogar a metade do que já jogou, atrairá pessoas aos estádios e se converterá num garoto-propaganda lucrativo. O problema é que, muito provavelmente, a conta não fechará.
Fala-se de R$ 1 milhão por mês só em salários. E de outros R$ 800 mil em contratos publicitários garantidos. Não há, mesmo nas maiores empresas do Brasil, um único executivo que ganhe tanto.
É muito dinheiro. Mesmo para alguém que, ao vestir a camisa do Flamengo, será convertido em queridinho do Brasil por parte da crônica esportiva.
Até aí, tudo certo. O problema é que, entre o prometido e o que realmente será pago ao jogador, pode existir um abismo. Além disso, o desfecho do caso acende uma luz preocupante no cenário do futebol brasileiro.
A contratação de um único jogador por uma soma como essa traz o risco de inflação no esporte. Se um clube com as finanças em frangalhos, como é o Flamengo, aceita pagar tanto por alguém que só tem a oferecer o passado, não haverá jogador que não se ache merecedor de mais do que ganha.
Ronaldinho pode ser o sintoma da formação de uma bolha no futebol. Dentro de três anos e meio, o Brasil sediará uma Copa do Mundo.
As chances de sucesso do evento não estão relacionadas apenas com o cumprimento do cronograma de obras. Elas se manifestarão, também, na organização do cenário esportivo do país. A volta de Ronaldinho nas circunstâncias em que está se dando pode, ao contrário de ajudar, levar a um desequilíbrio monumental.
Fonte: Brasil Econômico, 11/01/2011
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