Após quase dois anos desde o início da pandemia do coronavírus, e agora, com a vacinação deslanchando no Brasil, é possível ter boas expectativas em relação ao cenário econômico do país. O esperado é que a economia volte a se desenvolver a partir dos próximos meses, apresentando um aumento do PIB superior a 5,0% até o final do ano.
De acordo com a Nota Oficial divulgada pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, embora o PIB tenha registrado retração na margem de 0,1% no segundo trimestre de 2021, em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o PIB apresentou crescimento de 12,4%. Ou seja, é notória a recuperação em relação ao pior momento da crise em 2020.
Outro ponto interessante destacado pela nota oficial, é que, com base em resultados trimestrais divulgados por cerca de 30 países e grupos da OCDE, o Brasil apresentou um desempenho do PIB acima da média no resultado interanual e no acumulado em quatro trimestres. Inclusive, neste acumulado, o Brasil supera países como o Reino Unido e Alemanha. Em relação aos emergentes, fica atrás apenas da China e do Chile, o que mostra que as atividades econômicas brasileiras estão se recuperando de forma mais rápida do que em outros países.
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No âmbito das ofertas, o desempenho dos serviços, com alta de 0,7%, foi uma das grandes marcas do segundo trimestre. O fortalecimento do setor também é devido à vacinação em massa. Já em relação às demandas, houve variação positiva do consumo do governo (0,7%) e a elevação das exportações líquidas, com crescimento das exportações (9,4%) e retração das importações (-0,6%).
Em relação aos aspectos negativos, de maneira geral, houve diminuição nos investimentos (FBCF), além de queda na agropecuária (-2,8%), devido a problemas climáticos, e na indústria (-0,2%), por conta da escassez de insumos, principalmente no ramo automobilístico.
Vale ressaltar, ainda, que a taxa de poupança alcançou 20,9%, valor acima do mesmo trimestre de 2019. O valor verificado no segundo trimestre de 2021 é a taxa mais alta para o segundo trimestre desde 2000, início da série histórica. A taxa de investimento se elevou para 18,2%, maior valor para um segundo trimestre desde 2014.
Embora os resultados conquistados estejam melhorando, ainda há muito o que se fazer e as perspectivas são boas. Segundo o Ministério da Economia, espera-se crescimento do PIB em 2021 superior a 5,0%. Para o curto prazo, os principais fatores positivos para sustentar essa continuidade da recuperação da atividade, presentes na Nota Oficial, são:
I) Aceleração do crescimento dos principais parceiros comerciais do Brasil (Estados Unidos e China);
II) Política monetária global acomodatícia e aumento do preço das commodities;
III) Elevado carrego estatístico para 2021 (4,9%);
IV) Maior taxa de poupança para o segundo trimestre desde o início da série;
V) Mercado de crédito e de capitais em expansão;
VI) Recuperação do emprego com a vacinação em massa.
Os fatores de alerta são a deterioração do processo de consolidação fiscal, eventual aprofundamento da pandemia e o risco hídrico.
Soluções pelo setor privado
Apesar de o resultado do segundo trimestre de 2021 ter sido abaixo do esperado, é importante observar a qualidade do crescimento econômico desde a retomada que começou no terceiro trimestre de 2020. A recuperação econômica tem ocorrido via setor privado, com aumento do investimento e da poupança.
A recuperação da atividade econômica, quando comparada a outros países, está diretamente relacionada à implementação da agenda de consolidação fiscal e reformas pró-mercado. Essas medidas têm sido aprovadas desde 2019, e reafirmam o compromisso com o crescimento da economia, melhor alocação de recursos e o compromisso com a sustentabilidade fiscal.
Para mudar efetivamente o quadro de baixo crescimento da economia brasileira é preciso combater as causas da baixa produtividade e da má alocação de recursos. Para isso, é necessário implementar medidas que busquem a fiscalização dos recursos e que incentivem a expansão do setor privado, por meio das reformas que favoreçam o mercado, e da consolidação fiscal.