O velho lobo, o Estado, sócio da Companhia Vale do Rio Doce, quer sacrificar o Presidente Roger Agnelli (cordeiro, em italiano), por causa de interesses já identificados e claros – quer o controle político ou reestatização da empresa.
A lei chama isto de “conflito de interesses” entre o sócio e a sociedade, e por isso tal sócio deve ser impedido de votar a matéria. No limite, a lei chama ainda de “voto abusivo”, em que há intenção de causar dano à sociedade ou a outros sócios. É este o caso: os objetivos pretendidos pelo sócio Estado causam dano à empresa, à boa governança e aos demais sócios. Os interesses estão em conflito. O nosso velho lobo, o majoritário da vida de cada brasileiro, está pensando nele e não nos objetivos da empresa ou nos interesses dos demais sócios.
O que está em cheque na Vale, portanto, é a prevalência ou não das regras da boa governança corporativa – os relacionamentos internos e externos e o conceito da ética corporativa, inclusive entre os sócios. Sobretudo porque são princípios e objetivos de uma empresa privada – classicamente, obter lucro. Este tema não é para ser politizado. Ele é privatizado. O sócio Estado precisa ter o mesmo interesse dos demais: agir com ética corporativa para que a sociedade tenha mais lucro e perenidade – a lei da governança, em qualquer situação.
Esta foi a equação ótima encontrada há muito tempo para compatibilizar as novas relações das grandes corporações que deixavam de ser estatais (na Europa) para serem privadas, ainda que sob algum controle do sócio Estado. “Governança Corporativa não é uma meta abstrata, mas existe para servir aos propósitos da companhia, provendo uma estrutura dentro da qual os investidores, diretores ou gerentes podem monitorar mais efetivamente os objetivos da corporação.” US Business Round Table White Paper on Corporate Governance.
É de tal modo relevante a contribuição deste processo para a equação de convivência entre interesses diferentes, que nas duas últimas décadas os principais governantes trouxeram para o terreno público a governança corporativa como a alternativa inteligente aos processos de transformação dos Estados europeus da época. Deram-lhe outros nomes sem desqualificá-la – Terceira Via ou super democracia. É um sistema (“arte”, conforme alguns) utilizado por grandes corporações ou empresas de serviços nos governos. É um nível evoluído de se administrar uma complexa série de relacionamentos entre a corporação e seus organismos internos – conselho de administração, diretoria, gerência, acionistas e outros investidores. É um conjunto de regras para se responder profissionalmente à questão de “como as empresas devem funcionar”.
Está claro que há uma premissa falsa do sócio Estado, no caso da Vale. A premissa que não vale: tratá-la politicamente. É preciso agir rigorosamente sob a ótica do interesse da empresa e dos seus sócios – e da lei. Talvez seja falta de costume. Se o Estado pretende fazer diferente disso, que faça com clareza como Leonel Brizola fez no passado ou Evo Morales e Chaves, no presente: retoma e dá o calote. Ou faz valer a lei e a governança civilizada, ou dá o calote, o golpe privado.
Senhores.
a propósito da questão que envolve a substituição do Sr. Agnello, eu ainda não havia entendido a razão da mídia defender a sua permanência na Vale. Agora, depois de saber que a Vale gasta mais com a mídia do que a fabricante do produto “OMO” é que passei a entender o interesse que a grande imprensa tem em defendê-lo.
Não é patriótico nem muito ético. Estou equivocado?
Prezado Beto
É meio paranóico ficar pensando assim. Grande bobagem. Os fatos são outros: o Lula pediu, e a Dilma agora atendeu, “pressionando” o sócio Bradesco a se juntar ao BNDES para demitir o cara. Por birra do Lula e do PT. Só isso. Você pode até imaginar por que o Bradesco cedeu. O PT não entendeu ainda que aquela empresa é privada. Querem controlar tudo. É coisa de gente gulosa por poder mesmo. Não é Agnello, o seu companheiro do PT, mas Agnelli. Ato falho, amigo.
Cordialmente, Alfa
Alfa, não é paranóico, é esdrúxulo que todo o PIG se empenhe em defender um executivo que, como vc disse, pertence a uma empresa privada. Será que só porque o Lula ou Dilma queiram ele deve permanecer? Quando a crise de 2008 surgiu, o Sr. Roger (nome de cowboy?) resolveu botar a culpa nos funcionários da Vale – demitiu 1.300 – lembra-se, Alfa? Pois, é por causa de atitudes assim que ele deve sair, por não entender que vivemos novos tempos. A crise foi mesmo marolinha e ele ficou de mico nessa.
Caro Beto, se você acha que algum país onde realmente há a democracia o Governo faz esse tipo de intervenção, sugiro você mudar para Venezuela. Se uma empresa gasta milhões em mídia pode saber que ela fatura e da lucro o suficiente para fazê-lo e além do mais, grande parte de uma boa governança e saber se comunicar com o stakeholder da empresa. ou você acha que o investidores vão colocar dinheiro e em empresas fantasmas. Agora o grande exemplo e a Petrobrás que virou um cabide de emprego de PT
Na Petrobrás ministros, secretários e etc recebem de 15 a 30 mil por mês para dar palpites desnecessários. Isso é gestão? Onde ficam os investimentos em saúde, educação, segurança , saneamento e infra? O PT devia atuar no que precisa e não e m avacalhar empresas privadas do país. A Vale é um exemplo de gestão e paga todos seus impostos e gera uma big receita para esse governo. Mas o que o PT quer meter mão mais uma vês em mais e mais $$$$.
Entendi. Você, de algum modo, foi atingido pelas demissões. Aí é compreensível, dá raiva mesmo. Nem conheço o sr.Roger, e vejo só os resultados da companhia. E as ingerências de um gov na vida de uma empresa privada, sob um poder coercitivo irresistível. Coisa do país das bananas mesmo. Sair ou não sair um func de uma empresa assim é assunto dos sócios, dos q não tem interesse escuso. Este sócio governo BR é horrível – nossos perfeitos bárbaros latino americanos.
Beto
Então, ninguém deve ser empenhar em defender o cara, certo? Só você pode julgá-lo: “ele deve sair por não entender que vivemos novos tempos”. Você deve ser sócio la, ou está chateado pelas demissões.
Fomos de alfa a beto aqui. A intervenção foi de analfabeto – em mercado, empresa privada, democracia, respeito aos sócios e à empresa.
Alfa, diga-me que está só debatendo o assunto.Sendo o Sr. Roger competente como vc e outros pensam que é, não tenha pena dele que ele não precisa. Vc deve mesmo ter razão, não domino o assunto. Eu apenas quis deixar assente que, se dependesse de mim, as gestões para tirá-lo da Vale teriam ocorrido ainda em 2008. Porque? Por que ele achou mais um meio de aumentar os lucros – como? demitindo funcionários. Afinal, percebe-se q ele não é um gênio. Já foi tarde porque temos gente melhor, vc verá.
Fred. Vc tem razão, estamos mais acostumados com governos democráticos q intervêem em países, ainda q sob argumento falacioso q ninguém tem coragem de apontar, não em empresas privadas. Mas, com isso o mundo já está acostumado, não é?
Deixe o tempo te mostrar q vc está equivocado. Os resultados da Vale não sofrerão com a troca no comando. Os lucros com a venda do minério brasileiro certamente aumentarão.
Beto, se a empresa é PRIVADA, o governo não tem que se meter. Não tem que achar bom ou ruim. Tem que deixar a empresa se virar. A empresa privada demite quem quiser, contrata quem quiser. Se a empresa é privada, por que diabos o governo precisa intervir? Para evitar o desemprego? Se você realmente acredita nisso, bem, você é muito ingênuo.
João.Perdoe-me mas seu raciocínio é de quem mora em Marte. A Vale é uma empresa privada mas o que ela comercializa é o nosso minério de ferro.Trata-se de uma empresa estratégica que necessita ter responsabilidade com o Brasil.Então, é natural que nosso governo se interesse em recomendar uma política q atenda os interesses de nós brasileiros.Talvez vc tenha razão, eu sou ingênuo mas, continuo nacionalista e não acredito q ser explorado é uma boa política.Vc precisa ler mais, João.
Meu raciocínio é de quem vive na terra. Esse lenga-lenga de atender aos interesses dos brasileiros é usado constantemente, e os brasileiros que têm os interesses atendidos são aqueles ligados ao governo. Se você quer ignorar a realidade, fechar os olhos e imaginar um estado que defende os interesses dos brasileiros, tudo bem, a ilha da fantasia é sua. Pode me chamar de extrema-direita neoliberal, tucano ou coisa que o valha.
João, Alfa e Fred. Vejam só. Nem foi preciso esperar muito tempo pra gente descobrir que o Agnelli tinha mesmo era que sair da Vale. Apenas que deveria ter sido em 2008. Hoje sabemos que um dos grandes trunfos desse Sr. para aumentar os resultados da empresa era diferir o pagamento de dívidas, por exemplo, os royalties de minério que beiram 4,5 bi. Então, o chororo que alguns fizeram em prol de Roger era descabido e provoca vergonha, quando se sabe que ele não era merecedor, nem de chororo.
Beto, por mim, mesmo que o Agnelli fosse uma anta, a empresa continua sendo PRIVADA. Em caso de fraudes contábeis, deve ser incriminado (só o estado pode fazer fraudes contábeis, hahaha). Para você, setores “estratégicos” devem estar sob o controle do estado. Isso porque os seres humanos do estado são diferentes dos seres humanos do malvado mercado. Nunca na história do mundo empresas e governo se juntaram para ambos enriquecerem às custas de dívidas, que, claro, o povo paga. Você é um jênio!
João. A defesa de interesses privados em detrimento do interesse público é mesquinho, não é coisa de “jênio” (a expressão me lembra Zé Cerra). Vc me pareceu indiferente e pouco disposto a sondar os méritos e medir o tamanho do sr. agnelli.sua reação às minhas críticas não ajuda no debate que este web site tenta proporcionar.Não é me tratando de “jênio” que vamos evoluir na discussão.Vc me faz lembrar de um ditado que “a consciência é um estorvo”.Vamos João, vamos crescer.
Você REALMENTE acha que o governo interfere na Vale em prol do interesse público? Por uma incrível coincidência, logo depois, quer que a Vale seja parceira do PAC? É muita “jenialidade” para o meu gosto. Governos procuram o bem do povo e o mercado malvadão só quer explorar o pobre trabalhador? Por acaso o estado e o mercado são compostos por espécies diferentes? Isso não é debate, é conversa com alguém que ainda vive naquela ingenuidade de adolescente que acabou de ler Marx!