O ramo da educação vem sofrendo mudanças significativas tanto no eixo de seus padrões e regulamentações, como no perfil cognitivo e, até mesmo, tecnológico. Para debater sobre essas transformações no setor educativo, o Imil conversou com o professor Luca Borroni-Biancastelli, PhD Dean da Brain Business School, que opinou sobre a não exigência de diploma superior para alguns cargos, a inserção da tecnologia como método de ensino e deu dicas de como escolher uma boa escola para os filhos.
Atualmente, grandes empresas como a Google e a Apple anunciaram que, para determinadas vagas, não seria necessário que o funcionário possuísse diploma superior. Para Luca, é preciso que haja um equilíbrio entre o mercado de trabalho e as instituições de ensino. “Primeiro temos que entender quais cargos efetivamente não precisam ter pessoas que tenham uma graduação. Mas acredito que, na área de empreendedorismo, por exemplo, o jovem não queira ficar quatro anos numa sala de aula para ter seu negócio depois”. Para que as universidades se adequem a este possível novo contexto, Borroni acredita que é importante uma atualização. “Tem um descompasso grande. As empresas e o mercado são muito mais acelerados ou reagem de forma muito mais rápida à conjuntura econômica do que a própria universidade”, acrescenta, ressaltando que os professores também devem acompanhar esta evolução.
Eixo tecnológico
A tecnologia vem quebrando paradigmas em diversos setores. O e-commerce dominou o varejo. No ramo financeiro, há os novos meios de pagamento, como as criptomoedas. Na saúde, a inteligência artificial já é utilizada no diagnóstico de doenças. As salas de aula, aparentemente, não estão acompanhando este ritmo. Na opinião do professor, a chegada da tecnologia deve ser gradual, de forma que os alunos não queiram aprender apenas pela internet. “O conhecimento não fica sedimentado somente através da transferência por e-mail, ensino à distância ou uma série de outros canais baseados em fatores tecnológicos. Certas reflexões, dinâmicas e troca de ideias muitas vezes ainda são ligadas a relações presenciais humanas e independem da tecnologia”.
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Porém, Borroni defende que é possível trabalhar com a educação à distância, desde que a qualidade do ensino seja alta. “Há casos onde se investiram bilhões para tornar este ensino tão eficiente quanto o presencial. É algo moderno, que viabiliza a quebra da distância e as dificuldades temporais, mas precisa ser feito de forma muito consistente”.
Eixo cognitivo
O volume de informação gerado, trafegado e consumido vem crescendo exponencialmente. Com este efeito, surgem diversas fontes gratuitas de conteúdo instrucional, que mudam de forma acelerada a percepção do jovem sobre o papel da escola. Ao analisar esta questão, Luca traça uma cronologia: “O ser humano aprende em uma linha contínua que começa com a transferência de conhecimento através dos pais, depois entra a figura do docente. No entanto, chegamos ao ponto em que tudo vira uma grande biblioteca. Mas o que fazer com todo esse conteúdo se não há capacidade crítica? Por isso temos que tomar cuidado com essa avalanche de informações, filtrar o que nos interessa e saber fazer uma análise mais aprofundada que permita mudar a competência e tornar um profissional. Neste ponto contamos com a ajuda dos docentes, que têm a capacidade de desprezar o que não interessa e abraçar o que interessa”.
Por fim, o professor dá uma dica para os pais na hora de escolher uma boa escola para seus filhos. “A chave é saber de que maneira os conteúdos são voltados a esmerar do aluno a sua capacidade de análise e raciocínio crítico. É importante ser imbuído desde pequeno em uma capacidade analítica substancial”.