Se há um fato público e notório, para repetir a expressão legal, inegável em sua evidência, é o relativo à violência, violência nas pessoas, violência na sociedade, violência no seio até de entidades de universal benemerência, como colégios.
Outro dia, dois grupos, um que se dizia de estudantes, outro de sindicalistas, entre eles dos professores, invadiram a Assembleia Legislativa, danificando a sede de um dos poderes do Estado. Fiquei a pensar se essas pessoas seriam mesmo alunos e professores. A dúvida se justifica. O dado real é que unhas reveladas por escolares adolescentes confortam o possível agravamento dessas condutas a prenunciarem infaustos desdobramentos, mais ainda quando o sindicato dos professores tenha-se distinguido em ações pouco civilizadas.
Houve tempo em que se tornou corrente dizer que uma escola aberta equivalia a uma penitenciária a ser fechada. Ultimamente, o que tem ocorrido no setor escolar é de estarrecer. São tantos os sucessos inacreditáveis que têm se verificado no âmbito dos colégios, que soou o alarme. Foi de alarmar a reação e era o mínimo que se podia esperar. Ainda bem que um jornal influente como a Zero Hora tomou a iniciativa de, em edições sucessivas, fazer relato do que estava sucedendo nessa área, relato contido, diga-se de passagem, mas objetivo. Sem pretender fazer o rol dos fatos acontecidos em escolas, incompatíveis com qualquer concepção pedagógica, menciono apenas um, pois a ser exato que, em Porto Alegre, a cada 18 horas registra-se um caso de violência em escola, é de reconhecer a degeneração do nível social que envolve um dos setores historicamente mais recatados da sociedade. O próprio jornal que corajosamente levantou o problema não hesita em falar de “atos de selvageria”, a refletir ampla e crescente violência, em razão da qual, “o tráfico de entorpecentes, a proliferação de gangues e o crime organizado estabelecem um clima de insegurança e mantêm reféns os cidadãos”. Ainda bem que nem tudo é treva no mundo escolar. O levantamento procedido por Zero Hora foi encerrado com escolas que continuam no padrão clássico em qualquer país civilizado.
A mostrar que a violência vai se tornando proteiforme, um “movimento” que, faz anos, procede como se estivesse acima da lei e do próprio Estado e nada lhe acontece; agora, servindo-se de máquinas da própria empresa que invadira, destruiu 7 mil árvores frutíferas. Os invasores pretendem desfrutar privilégio de, em juízo sumário e definitivo, decretar o que pode e o que não pode ser feito, por pessoas que nenhuma subordinação lhe têm. Praticam um poder que nenhuma autoridade tem nem o presidente da República, nem o presidente do Congresso, Câmara e Senado, nem o presidente do Supremo Tribunal Federal. No entanto, entidade sem existência legal pretende ser a depositária dessa prerrogativa suprema sem se saber quem a delegou ou como e quando a inventou. Ocorre que a “cena de vandalismo”, para repetir palavras do presidente Luiz Inácio, foi registrada e divulgada pela televisão. O efeito foi desastroso para os vândalos, que logo afiançaram nada terem feito além de destruir 7 mil laranjeiras…
(Zero Hora – 19/10/2009)
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