A presidente Dilma fará visita oficial aos EUA neste ano que pode revitalizar as relações comerciais entre os dois países. Essa questão é mais importante para a economia brasileira do que pode parecer.
A retomada das exportações de produtos industrializados é fundamental para o reequilíbrio das contas externas do Brasil, e o maior mercado para esses produtos são os EUA, maior economia do mundo e maiores importadores de manufaturados.
A visita a Washington pode servir de catalisador para uma revisão profunda das nossas relações comerciais, que nos últimos anos priorizaram países emergentes em detrimento de tratados de livre comércio com os países mais desenvolvidos.
Outros países buscaram caminhos diferentes, como as nações andinas, que estão formando a Aliança do Pacífico com os EUA e asiáticos.
A estratégia comercial brasileira dos últimos anos veio combinada com políticas de proteção à indústria, como fechamento de mercados e exigências de conteúdo nacional. Elas elevaram o custo de produção e diminuíram o nível de eficiência e competição.
[su_quote]Há hoje no mundo oportunidade clara para o Brasil superar restrições a acordos internacionais e abrir canais mais fluidos de comércio com os EUA e a Europa [/su_quote]
Ao mesmo tempo, nossa balança comercial se beneficiou muito do aumento do preço das commodities alimentado pela extraordinária demanda chinesa, o que acabou dando sustentação à política comercial de favorecer os emergentes.
Outra consequência do “boom” das commodities foi a apreciação do real, que reduziu ainda mais a competitividade brasileira no exterior.
Esse processo todo começou a esgotar-se quando a China desacelerou e reduziu sua demanda por commodities, fragilizando ainda mais nosso comércio, já abalado pela perda de competitividade e produtividade da indústria.
Mas as grandes mudanças em curso na economia mundial abrem novas oportunidades para o Brasil rever o comércio com o mundo. Vivemos um processo de recuperação econômica dos EUA e, em menor grau, da Europa, que são os maiores mercados importadores do mundo e que aumentam a demanda por bens industrializados. Esse processo leva a um fortalecimento global do dólar, que, juntamente com a crise econômica brasileira, desvaloriza o real e favorece as exportações.
Em resumo, há hoje no mundo oportunidade clara para o Brasil superar restrições a acordos internacionais e abrir canais mais fluidos de comércio com os EUA e a Europa visando ganhos de competitividade e produtividade em setores capazes de competir.
É um processo que pode ajudar a reequilibrar a economia em bases mais saudáveis, com o aumento da participação da indústria nas exportações e na economia total. A viagem aos EUA, portanto, além de considerações geopolíticas, tem grande potencial econômico.
Fonte: Folha de S.Paulo, 26/04/2015.
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