Rio – Desde 1999, a política macroeconômica brasileira é guiada pelo tripé superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação. Tal arquitetura permitiu uma melhora significativa da nossa economia.
A resistência a choques externos aumentou consideravelmente, a ponto de sermos credores líquidos do mundo, com mais de US$ 246 bilhões em reservas. Foi essa estabilidade que possibilitou a ascensão de 32 milhões de pessoas à classe média, nos últimos cinco anos.
Nesse contexto, manter o regime de metas inflacionárias vigente é crucial. Neste, a credibilidade do Banco Central perante os agentes econômicos é uma variável estratégica. Sem ela, o custo de convergir a inflação à trajetória de metas é muito mais elevado.
Nos últimos meses a inflação tem se acelerado, fechando março acima da meta de 4,5% a.a.– o IPCA ficou em 5,16% no acumulado de 12 meses. Assim sendo, não subir os juros poderia se converter justamente em perda de credibilidade.
Em um ano eleitoral, essa postura se torna ainda mais crítica. Caso os agentes identifiquem algum tipo de interferência política na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), acabarão ajustando para cima as suas expectativas de preços para o futuro.
Isso significa que, para conseguir cumprir a meta mais tarde, o Banco Central terá que elevar ainda mais os juros, sob o risco de ter uma inflação em contínuo aumento.
Desse modo, foi plenamente justificável o aumento de 75 pontos-base, na reunião realizada esta semana, que levou a Selic a 9,5% ao ano ano. Não fazê-lo poderia comprometer a credibilidade da autoridade monetária, tão duramente conquistada nesses 11 anos de regime de metas de inflação.
Fonte:http://odia.terra.com.br/portal/conexaoleitor/html/2010/4/vitor_wilher_a_favor_do_aumento_dos_juros_78048.html
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