O governo brasileiro lançou um novo pacote de estímulo ao crescimento econômico nesta quarta-feira, 27 de junho. A nova medida diminui a taxa de juros para investimentos e amplia para R$ 8,4 bilhões os gastos que serão feitos até dezembro com a compra de equipamentos industriais.
Segundo o “Estado de S. Paulo”, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que baliza os empréstimos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concede para as companhias, será reduzido de 6% para 5,5%. “Temos de continuar com as políticas de estímulo” disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante apresentação do “PAC equipamentos”, nome do conjunto de medidas.
Para o economista e especialista do Imil Vítor Wilher, o governo tem “errado a mão” nos impulsos ao crescimento econômico. Ele acredita que as medidas tomadas até agora não surtem efeito relevante e positivo: “O governo só pensa em formas de estímulo irresponsáveis e toma iniciativas fracas para facilitar o investimento”. O especialista criticou a postura do Planalto principalmente no incentivo ao consumo: “Temos um endividamento muito alto da população e isso aumenta a inadimplência. O modelo baseado em consumo e endividamento está esgotado”, afirmou.
Wilher aponta a reforma tributária como uma boa solução para a economia: “O governo precisa se preocupar com a reforma tributária. Imposto, além de alto, é burocrático. Só isso já permitiria um ganho de competitividade muito grande”. O especialista também critica a morosidade do sistema judiciário: “Outra reforma que deveria estar na agenda do governo é a do Judiciário, pois os processos precisam ser mais céleres. As empresas que sofrem com a inadimplência se prejudicam pela morosidade do sistema e quebram. É uma bola de neve”, alerta.
A INGENUIDADE DO ESTÍMULO AO CONSUMO
Todo mês 300 mil brasileiros compram carros novos sabendo de antemão que estarão perdendo 20% do valor assim que saem das montadoras. Sem dúvida a cadeia ligada indústria automotiva se beneficia. Aqueles setores que ficam de fora pagam a conta ou tem mais desemprego.
O “Tsunami de dólares” – que tanto irritou a presidente – ocorreu simultaneamente aos estímulos ao consumo no Brasil. Não constitui surpresa alguma a valorização do Real frente ao Dólar que levou ao consumo de bugigangas importadas.
Agora ocorre a mesma coisa com sinal trocado: sabíamos que mais dia menos dia os dólares acabariam por voltar ao seu local de origem e porto seguro. Só não sabia quando. Desta vez – não mais como consumo de mercadorias baratas – mas como investimento. Viagens ao exterior se tornam mais caras, e brasileiros vão usar o dólar mais caro para comprar imóveis ou investir em empresas americanas.