O aposentado Antônio Luís é categórico quando a equipe do Instituto Millenium pergunta se os atuais políticos o representam: “Não, em nada”, diz. Assim como ele, cerca de 96% dos brasileiros não se sentem representados pelos políticos em exercício no país. Apesar da crise de representação e legitimidade do governo, algumas pessoas seguem esperançosas em promover a renovação política, como o comerciante Paulo de Aquino: “Se fizermos a diferença, poderemos mudar não só o Brasil como a classe política. Quem sabe renovando agora, iremos melhorar”.
Para o advogado e especialista do Instituto Millenium, Gustavo Binenbojm, a falta de representatividade é um assunto complexo e sua saída pode estar na reforma política do país, aponta. “Há um sentimento geral de crise de representação e baixo grau de legitimidade do sistema político. Deve haver uma reforma política que mexa na forma do processo eleitoral, na seleção dos representantes”.
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Outra possibilidade para resgatar a confiança no sistema político está no esforço da própria sociedade em fortalecer e fiscalizar a gestão pública, e o governo, por sua vez, deve supervisionar rigorosamente o cumprimento da legislação, explica o advogado:
“Deve se tornar uma obsessão do país o fortalecimento dos controles éticos. A vitória da Lei da Ficha Limpa no Supremo foi um avanço. Acho que ela tem que ser aplicada de forma cada vez mais severa, impedindo que candidatos fichas sujas possam se candidatar por meio de liminares ou brechas na lei, por exemplo. São ideias simples que o país pode adotar numa tentativa de resgatar a legitimidade no seu sistema político”.