Empate no STF sobre a Lei da “Ficha Limpa”: ela estaria vigendo já para esta eleição? Ela é um “arremedo de lei”? Então, persistindo esse impasse até depois das eleições, o voto para seu candidato valerá? Bem, a pergunta não deveria ser essa, mas: por que você votaria em alguém que, agora ou depois, foi ou poderia ser tornado inelegível por esta ou outra lei, que vise a moralizar o acesso aos Três Poderes?
A essa pergunta, outras poderiam ser agregadas: você vota nele por amizade, interesse pessoal, coação partidária ou religiosa, protesto ou o quê, que não seja acreditar na honestidade e competência do candidato? Você o defende com unhas e dentes? E com a sua consciência? Você é cabo eleitoral, “pau mandado” ou “de galinheiro”, convicto, de algum deles?
Essas perguntas são necessárias porque, parafraseando o antigo ditado, nós somos responsáveis pelo “Mateus” que parimos ou adotamos! No caso de eleição, quando apoiamos ou votamos num indivíduo que está – ou poderia estar – enquadrado nesta lei, assumimos, declarada ou anonimamente, a condição de cúmplices de seus atos. Quando o reelegemos, então…
Há muito tempo atrás, havia um lema oficioso de campanha que afirmava: “Rouba, mas faz!”. É só isso que podemos esperar de quem escolhe a política? Tenho certeza absoluta que não, e existem bons exemplos disso! Mas, como quem adota esse lema chega “lá”? Pelo voto ou pela indicação de quem foi eleito! E como as urnas eletrônicas reduziram a níveis desprezíveis o risco de fraude eleitoral, não há desculpa: o nosso voto é o grande responsável por todas as consequências! Pense bem: quando seguidos levantamentos internacionais apontam o Brasil como um dos países mais corruptos do mundo, quem você acha que está sendo julgado por isso?
E aí, a Lei da “Ficha Limpa” valerá ou não para essa ou outra eleição? A resposta deveria vir de outra pergunta: precisa de lei para orientar quem tem consciência limpa, ou para identificar quem enriquece ilicitamente, pratica nepotismo ou desvia verbas que deveriam ser aplicadas à saúde e educação? É certo que a propaganda e os discursos eleitorais não ajudam muito a revelar o caráter dos candidatos. Alguns até usam deliberadamente deles para desviar a atenção do eleitor do assunto. O que mais se aproxima dessa necessária revelação é o debate, mas mesmo ele – com todas as regras pré-estipuladas pelas assessorias políticas e orientações de “marketeiros” – também tem sua confiabilidade limitada. Há ainda as denúncias da imprensa, muitas delas plantadas por opositores, traidores ou preteridos. São verídicas? Bem, isso depende de apuração e não de amordaçamento.
O ideal, embora nem sempre possível, é conhecer muito bem o candidato. E se você o conhece bem, inclusive o que o desabona moral e eticamente, e vota nele, como justificar, depois? Valendo ou não a Lei da “Ficha Limpa”, o que realmente serve e vai levar o Brasil a um novo e necessário patamar de confiabilidade interna e externa é o voto de consciência limpa. E para isso não precisa de lei!
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