A alta dos juros é o principal efeito para o pequeno investidor da perda do grau de investimento do Brasil, anunciada pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s na noite desta quarta-feira (9/9). Essa tendência torna mais atrativos investimentos em renda fixa que acompanham a variação da taxa, mas por outro lado deve contribuir para o encarecimento de operações de crédito.
O grau de investimento é uma espécie de selo de bom pagador concedido pelas agências de rating a um país e sinaliza que há baixo risco de que o governo não honre o pagamento de sua dívida. Muitos fundos de pensão estrangeiros, por exemplo, só podem investir em países que têm esse perfil de crédito.
A perda dessa proteção, portanto, deve provocar a saída de recursos de investidores estrangeiros aplicados no Brasil. Com a fuga de dólares do país, a tendência é de que a moeda americana se valorize ante o real, aponta Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO. “Como a proporção de uso de produtos importados na produção brasileira é alta, a valorização do dólar certamente irá provocar uma alta da inflação”, diz Nehme. O diretor da NGO estima que a inflação ultrapasse os 10% neste ano.
Como consequência do aumento da inflação, a perda do selo de bom pagador tende a pressionar os juros básicos no país, principal instrumento usado pelo governo para conter a alta dos preços.
Roberto Indech, analista da corretora Rico, aponta que a decisão da S&P aumentou a possibilidade de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumente os juros novamente na próxima reunião do comitê. Na última reunião do Copom, realizada na semana passada, a Selic foi mantida em 14,25%.
Nesse cenário, Indech recomenda como investimento de médio prazo a compra de títulos públicos, vendidos pela plataforma Tesouro Direto. “Minha principal indicação é a compra do Tesouro Prefixado (antiga LTN) com vencimento em 2018. Esses títulos estão pagando uma taxa de 15,23% ao ano, definida no momento da aplicação”.
Como essa remuneração está praticamente um ponto porcentual acima da Selic atual, de 14,25% ao ano, Indech acredita que a taxa oferecida pelo título já incorpora uma provável alta da taxa básica de juros.
A rentabilidade informada no momento da compra dos títulos é garantida se o investidor mantiver o papel até o seu vencimento. Mas, se forem vendidos antes do prazo, eles podem gerar prejuízos.
Por essa razão, os títulos com taxas prefixadas não são recomendados para o investidor que não tolera riscos, afinal, diante da necessidade de resgate antecipado do dinheiro investido, a perda pode ser alta.
O título mais recomendado para investidores que são conservadores, mas não querem deixar de surfar na alta dos juros, é o Tesouro Selic. Como ele paga a variação diária da taxa Selic, se a taxa subir ou cair, o título sempre acompanha a sua flutuação, o que evita que ele fique desvantajoso diante das oscilações dos juros.
Para especilistas, a perda do grau de investimento do país não aumenta o risco de calote do governo para quem investe em títulos públicos.
Além do Tesouro Selic, existem outras opções de investimento de baixo risco que acompanham as elevações da taxa básica de juros. Entre elas estão os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que são títulos de dívidas emitidos por bancos e os fundos de investimentos de renda fixa.
Crédito
Se a manutenção de alta de juros se concretizar, as chances de as operações de empréstimo ficarem mais caras são grandes. Como a taxa básica de juros é usada como referência para definição de todas as taxas de juros praticadas no mercado, financiamentos imobiliários e empréstimos pessoais também podem sofrer elevações em suas taxas.
Fonte: Exame
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