“Luz nas trevas. Ensaios sobre o iluminismo”, Ricardo Vélez Rodriguez (Ex Libris, 2007).
América Latina parece ter entrado, neste início de século, pelo caminho do populismo e do escasso uso da razão, com movimentos que parecem surgidos do passado de caudilhismo, em que tão rica é a história deste Continente. Com raras exceções, como Chile e Uruguai, as esquerdas se afinaram com o modelo paternalista de Estado mais forte do que a sociedade, que tutela todo mundo, imprensa, sindicatos, empresas. O que acontece na Venezuela é o aspecto mais agressivo desse processo. Mas nos outros países, incluindo o Brasil, o estatismo foi, aos poucos, ganhando ar, a responsabilidade fiscal foi ficando para as calendas gregas, aumentou significativamente a dívida pública e, o que é pior, foram minguando as possibilidades competitivas do nosso Continente. No caso do Brasil, os investimentos de capital internacional foram, no último ano, no contexto dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), os mais minguados. Enquanto esses investimentos aumentaram 18% nos outros países emergentes, no nosso diminuíram dramáticos 17%. Esta obra pretende mostrar, em primeiro lugar, a importância das Luzes no surgimento da modernidade, para enfatizar, em segundo lugar, a importância do uso da razão na superação das dificuldades presentes. O primeiro capítulo destaca a forma em que a Ilustração evoluiu, na França, entre os séculos XVII e XVIII, de um modelo de absolutismo impessoal, para a adoção da racionalidade por parte dos cidadãos, tendo dado ensejo ao fenômeno da sociedade racional. Essa evolução é acompanhada por uma análise histórica do urbanismo de Paris, desde os tempos de Luís XIV, no século XVII, até o momento em que, no século seguinte, é pensada a cidade em função dos cidadãos, tarefa de que se desincumbe o preboste Turgot, dando ensejo ao primeiro plano de Paris a vôo de Pássaro, conhecido como o Plano Turgot/Bretez (1739). O capítulo segundo se debruça sobre o fenômeno da Ilustração na Península Ibérica, centrando a atenção em duas expressões desse processo histórico: a filosofia de Francisco Suárez (o primeiro a pensar numa filosofia metafísica que traduzisse os anseios da ciência moderna e da autodeterminação, no início do século XVII) e a obra Dom Quixote de la Mancha, de Cervantes, que é portadora, no mesmo período, da idéia do herói moderno alicerçado na defesa da liberdade. Isso antes de pensadores do liberalismo clássico como John Locke. O Capítulo III focaliza os aspectos da ética iluminista que inspiraram os ideais das grandes revoluções liberais dos séculos XVIII e XIX, incluindo aí a Emancipação Brasileira. O Capítulo IV complementa esse estudo da caminhada da razão na modernidade, analisando as idéias da Revolução Francesa e a influência que elas tiveram na nossa história, notadamente no surgimento do pensamento republicano. O Capítulo V estuda a presença dos ideais da Ilustração na Conjuração Mineira e termina destacando a figura de Tiradentes, como combatente libertário da cidadania. A Ilustração conduziu as nações européias e o Brasil, ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, do absolutismo monárquico à conquista das liberdades e à prática da racionalidade social. A nossa realidade atual está a reclamar esse uso sistemático da razão para pensar os graves problemas da contemporaneidade, a violência, a representação política, a competitividade, a geração de emprego, a saúde pública, as grandes reformas de que carecemos, notadamente a política e a tributária. São muitos os desafios que nos preocupam neste início de milênio. Mas, como aconteceu nos momentos brilhantes da nossa história, serão as luzes da razão as que nos conduzirão ao pleno desenvolvimento das nossas potencialidades.
Fonte: Ex Libris
Eu estou fazendo uma pesquisa sobre o iluminismo mas ate agora na eu num encontrei nada que possa me ajuda esta muito ruim