Apenas 16% das escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares do Rio têm laboratório de ciências. O número ainda é maior que a média nacional, de 11,4%, segundo levantamento da plataforma QEdu, com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação. O baixo índice pode contribuir para o mau desempenho do país na edição de 2015 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), exame aplicado a cada três anos.
Os resultados das provas feitas por alunos de 15 anos divulgados na terça-feira colocam o Brasil nas últimas colocações entre 70 nações. Esta edição focou as ciências, mas também abordou matemática e leitura.
Mesmo tendo mais laboratórios, o Rio teve nota menor que a média do país na área, indicando que falta de estrutura não é a única deficiência. A colocação do estado em matemática e leitura foi igual à de ciências.
Mão na massa
Às vezes, os laboratórios também são subutilizados. No Colégio Pedro II no Engenho Novo, Zona Norte, alunos reclamam que quase nunca tiveram aula no laboratório da escola. No início do ano, a aluna Caroline Gomes, de 16 anos, sob a coordenação de professores do colégio, limpou e organizou o local com intenção de aproveitar melhor o espaço, mas diz que faltam materiais para experiências básicas.
— Os reagentes estão fora da validade e há vidros e pipetas quebradas. Vamos pedir ao reitor para que repasse verba para compra de materiais para os laboratórios de todas as unidades do Pedro II — conta a jovem, que é monitora de química na escola e pretende cursar nutrição.
Posteriormente à publicação desta reportagem, a direção do Colégio Pedro II procurou o Extra para esclarecer que a aluna atua no laboratório sempre coordenada por professores e como parte de um projeto do próprio colegio para revitalizar o espaço.
Em nota, o Colégio Pedro II informou que a atual gestão criou a “Seção de Estruturação e Suporte de Laboratórios, responsável pela implementação, revitalização e manutenção dos laboratórios e mediatecas” das unidades. A reitoria informou ainda que “até o momento, não foi relatada nenhuma situação que esteja interferindo no funcionamento dos laboratórios de ciências do Campus Engenho Novo II”.
A ponta do iceberg
A falta de laboratórios é só um dos fatores que contribuem para as notas ruins do país, que não são exclusividade das ciências, aponta a professora do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e integrante da Academia Brasileira de Ciência Débora Foguel. Ela defende a necessidade de um conjunto de políticas que envolva também o preparo do professor e melhores oportunidades para os alunos.
— Ciência se aprende fazendo. O professor tem que vivenciar o método científico, entender a construção de uma hipótese e saber passar isso para os alunos, e não apenas colocar fórmulas no quadro negro — diz.
Patrícia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Itaú Social, destaca que apesar do Brasil não ter registrado aumento de desempenho no Pisa, há pontos positivos.
— O país expandiu a oferta de vagas e reduziu o impacto socioeconômico no desempenho do aluno. É um avanço em relação à equidade, especialmente se lembrarmos que, de maneira geral, os países participantes se mantiveram estáveis — avalia.
Fonte: Extra.
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