A violência e o aumento da criminalidade no Brasil são consequências diretas da derrota do Estado. O Governo, em seus três níveis, falhou vergonhosamente, por incompetência, desinteresse e corrupção. O resultado está aí, nas ruas tomadas pelos bandidos, nas grades que prendem as pessoas de bem, na desintegração do sistema prisional, dominado por facções altamente profissionais, que ocuparam o vazio deixado pelo Governo, dentro e fora das cadeias.
O massacre no presídio no Amazonas é apenas mais um capítulo da longa série de equívocos, bandalheira e absoluta omissão, além de muita politicagem, a favor e contra, do Estado brasileiro.
As organizações criminosas não nascem do nada, nem se consolidam porque meia dúzia de pessoas querem. O buraco é muito mais embaixo.
Começa na ausência do Estado nos campos mais fundamentais da vida em sociedade. O Estado brasileiro não dá creches, postos de saúde, vacinação, escola, médicos, hospitais e segurança pública.
Pior que isso, o Estado está completamente ausente em vastas e densamente povoadas regiões do país. O Estado não patrulhas fronteiras, não garante a segurança dos moradores das cidades, não garante a segurança dos moradores do campo, nunca subiu um morro ou visitou uma favela, a não ser em época de eleição para mentir para o cidadão, através das promessas dos candidatos que esquecem que estiveram lá depois que são eleitos.
As facções criminosas cresceram no vácuo da omissão das autoridades públicas nacionais. Cresceram, se consolidaram e hoje são mais ricas, bem treinadas, bem aparelhadas, bem armadas e mais eficientes que várias polícias. O resultado não poderia ser outro. O Estado perdeu e nós vamos pagar a conta. Na droga, no contrabando e no crime nas ruas.
Fonte: O Estado de S.Paulo, 17/01/2017.
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