Dia desses, assisti a um programa na Globo News sobre a febre dos veículos elétricos na Europa e nos EUA. Também fora da TV, tenho visto muita gente empolgada com a chamada ‘revolução dos veículos elétricos’, que são silenciosos, não emitem CO2 ou outros gases poluentes. Muitos chegam a referir-se a eles como ‘veículos verdes’.
Sem querer ser o urubu da má notícia, eu lembro aos mais empolgados, principalmente àqueles mais ecológicos, que a eletricidade é apenas uma forma de energia, como outras: térmica, química, cinética, potencial, etc.. A eletricidade não é gerada espontaneamente e precisa de fontes primárias para existir.
Entre as fontes disponíveis, estão a queima de petróleo, de carvão, de gás, de madeira, a fissão e a fusão nuclear, as quedas de água, o calor do sol, o movimento das ondas e do vento, entre outras.
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Assim, quando você liga um automóvel, ônibus ou trem numa corrente elétrica, esta energia é gerada por alguma das fontes acima mencionadas. Portanto, do outro lado da linha de transmissão, pode existir uma fonte de energia dita limpa ou não.
No mundo, hoje, a maior parte da geração de energia elétrica ainda é proveniente da queima de combustíveis fósseis. Assim, para que os riquinhos limpinhos da Califórnia dirijam seus Teslas, provavelmente uma chaminé, numa usina térmica algures, estará lançando doses de CO2 e outros gases na atmosfera.
Como mostra o gráfico abaixo, as maiores fontes de energia do mundo ainda são, disparado, os combustíveis fósseis. Lembrando que a (fonte da) biomassa, embora considerada um combustível renovável, é ainda majoritariamente composta de (queima de) madeira, um combustível nada limpo.
Moral da história: a utilização de veículos elétricos, como ademais qualquer outro uso de energia elétrica, pode não ser assim tão ecologicamente correta quanto pode parecer a princípio.
Fonte: “Instituto Liberal”, 10/07/2019