Apesar da apreensão causada pela demora no processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit pode abrir possibilidades comerciais para o Brasil. A avaliação é de especialistas que participaram, na segunda-feira (11), no Senado, de mais uma edição do “Encontro Interlegis”, que reuniu o embaixador do Reino Unido no Brasil, Vijay Rangarajan, e o embaixador Carlos Perez, do Ministério das Relações Exteriores.
Perez trouxe uma visão otimista sobre o Brexit para o comércio exterior brasileiro. Existem atualmente, disse, 77 acordos bilaterais firmados entre o Brasil e o Reino Unido. De acordo com o ele, trata-se de uma relação duradoura e consolidada. Os investimentos brasileiros no Reino Unido vêm crescendo exponencialmente desde 2016, acrescentou.
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Ao todo são 1.700 empresas brasileiras investindo em solo britânico. O Reino Unido ocupa a oitava posição entre os maiores países investidores no Brasil. Na opinião de Perez, quando o Brexit se concretizar, devem surgir mais oportunidades para aprofundar o comércio bilateral.
O embaixador Vijay Rangarajan admitiu as dificuldades em se costurar um acordo de saída da União Europeia e, ao mesmo tempo, preservar as relações com o continente sem fazer parte de uma estrutura supranacional. Ele afirmou existir um estado de ansiedade entre as forças políticas britânicas para se decidir o impasse do Brexit e, finalmente, cuidar da agenda doméstica.
Rangarajan explicou que, após a crise financeira global de 2008, o Reino Unido passou por um período de austeridade fiscal. O embaixador concluiu que existe uma necessidade de retomar investimentos em segurança pública, saúde, educação, assistência social para idosos e infraestrutura, após um longo período concentrado em questões de política externa.
Polarização
O diretor-executivo do Interlegis/ILB, Márcio Coimbra, explorou aspectos políticos do Brexit, pontuando que o processo de saída da União Europeia é marcado pela polarização, dentro de uma sociedade sempre conhecida pela prudência e consenso. Segundo ele, vivemos um momento histórico em que se discute a eficiência de organismos supranacionais na tarefa de solucionar questões internas dos países.
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Coimbra ressaltou que debates com o do Brexit ajudam o corpo técnico do Senado, bem como senadores, a refletirem sobre a relevância e desdobramento de temas centrais da atualidade.
— Algo que nos auxilia muito na discussão das políticas que chegam aqui para deliberação e votação — afirmou.
Fonte: “EXAME”