Como cidadã liberal, eu sempre acompanho bem de perto as propostas colocadas por partidos políticos em ano eleitoral. Em 2016, foi mais difícil absorver tanta informação porque tínhamos a ascensão dos partidos chamados de nanicos.
Essas legendas teriam a habilidade de falar de política local com empolgação, já que os dados caberiam em uma planilha financeira e estratégica de longo prazo. Teriam entradas – impostos e tarifas, repasse da união e governo estadual – reservas e as eventuais dificuldades que podem ser resolvidas pelo poder público sem dívida ou superfaturamento.
O problema é a falta de planejamento de longo prazo e a falta de cálculos simples. As equipes que estão no governo, inclusive, há tempos, sempre trabalham com planejamento de curto prazo para “ajudar” o executivo da vez e não a população.
Leia mais
Eleições 2020: vitória da centro-direita, alto índice de reeleição e recorde nas abstenções
Esquerda em queda e campanhas com grande capacidade de crescimento no segundo turno
Em 2018, foi interessante a aventura dos brasileiros com suas expectativas de eleger alguém novo ao cenário político, independente e fora do padrão dos partidos tradicionais. Vimos partidos novos ganhando espaço com propostas para mudanças de comportamento e gasto nacional. A dificuldade foi com a união dos integrantes e criação de uma mensagem e plano coeso. Sem apoio e objetividade, esses independentes perderam força.
O ano de 2020 me deu um susto com a esquerda surgindo com nova cara, com candidatos jovens, não ligados ao PT. Vi uma parcela significativa da juventude usando canais capitalistas, como Youtube e Twitter, para defender “tudo grátis” no país.
Só que ainda estou esperando a explicação de como pagar essa festa sem economia de mercado. Como fecharemos a conta sem novos negócios, exportação, inovação e empresas novas e pagando mais impostos, que precisam ser para todos, não só sobre os ricos. Talvez o problema no Brasil seja a falta de conhecimento de matemática e educação financeira…
A tomada do protagonismo por figuras de partidos que propõe colocar o Estado para patrocinar tudo com os nossos impostos, sem estabelecer metas e mostrar resultados, soou um alerta para quem estava vendo progresso no âmbito econômico brasileiro, com empreendedorismo crescendo, investimento estrangeiro entrando e privatização de estatais sendo debatidas.
A criação de uma aliança PSOL, PT, PDT, PC do B, Rede Sustentabilidade, PCB e Unidade Popular (UP) para lançar um pretendente a disputa presidencial de 2022 é estranha. Se o Brasil não conseguiu cumprir com a agenda social democrata com os mandatos dos últimos quatro presidentes – dois do PT – como que vamos implementar uma agenda 100% socialista?
A busca da agenda socialista em mitigar ao máximo os riscos inerentes à vida, implica em menor autonomia das pessoas e é uma tentação para políticos transformarem o Estado em uma instituição super poderosa.
O avanço do Estado, com imposição de mais regras e burocracia, deixa um espaço mínimo para a nossa racionalidade e liberdade de decisão individual.
Qualquer aumento da segurança social, tanto pelo auxílio emergencial, quanto por meio de programas sociais, impõe aumentos de gastos públicos que devem ser cobertos por encargos sociais.
A maioria dos impostos incide sobre a folha de pagamento e quanto mais tarifas sobre folha de pagamento, maior o custo da contratação e a manutenção de um trabalhador. Cuidado, porque o mercado sempre buscará alternativas para diminuir a necessidade de mão de obra cara. E o Estado?
Não tem como manter o pleno emprego porque o Estado não produz nada e ainda aumenta impostos sobre quem produz. Resultado? Mais pessoas desempregadas, consequente aumento no custo para a seguridade social, que contará com menos contribuintes para sustentá-la. Criamos um ciclo vicioso que gerou uma crise de sustentabilidade do sistema.
Depois de um sustinho, veio a bela notícia. Votamos em partidos conhecidos por serem os partidos de centro. Sem radicalismos, trabalham com qualquer governo em Brasília. Mas nessas eleições municipais há um detalhe importante nos partidos de centro: temos novas caras. Prefeitos jovens, objetivos e praticantes de planejamento financeiro, que deixarão a economia de mercado local trabalhar para todos sairmos das crises de 2019, 2020 e 2021 com planilhas claras.