A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia vai iniciar nessa quinta-feira (25) a divulgação sistemática do seu Indicador de Atividade Econômica (IAE/SPE), que busca ser um termômetro mais imediato do ritmo do Produto Interno Bruto (PIB). Ao Valor, o subsecretário de macroeconomia, Fausto Vieira, explicou que a ideia não é que o mecanismo preveja o PIB, mas mostre mês a mês se atividade está aquecendo ou tem perda de ritmo, a fim de subsidiar decisões e a elaboração de cenários.
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O dado mais recente é relativo ao mês de outubro, quando o IAE/SPE mostrou alta de 2% sobre igual período de 2020. No seu pico recente, atingindo em abril, a alta estava na casa de 25% ante igual mês.
É importante deixar claro que esse dado não significa que o PIB de abril cresceu 25%. Mas, sim, que a atividade naquele mês teve uma forte expansão, o que se explica pela base de comparação extremamente deprimida de 2020, já que abril daquele ano foi o mês de maior paralisação nas atividades do país em decorrência da pandemia.
O modelo foi utilizado internamente desde meados do ano passado, segundo Vieira, e foi um dos elementos que deram segurança para a SPE sustentar uma projeção de queda de PIB menor que a do mercado e ter ficado mais próximo do resultado efetivo anunciado ao fim daquele ano.
E também é um dos elementos que está apoiando a visão da secretaria, que está bem mais otimista com o desempenho do país do que o mercado financeiro. Vale lembrar que a SPE e o Ministério da Economia de forma geral estão em meio a uma queda de braço com o mercado em torno do crescimento do PIB para 2022.
Enquanto a pasta está prevendo alta de 2,1%, o mercado vem reduzindo suas projeções e a mediana já está em 0,7%, com algumas casas projetando recessão, cenário que vem sendo descartado pelo time liderado por Adolfo Sachsida.
Vieira explica que a intenção é sempre divulgar os dados do IAE/SPE entre os dias 10 e 20 de cada mês, começando a partir desse mês, e tentar consolidar o indicador como uma ferramenta também acompanhada pelo mercado, como outros indicadores desse tipo que algumas instituições financeiras e acadêmicas, a exemplo de Itaú e FGV, possuem.
Para chegar ao número agregado, a SPE acompanha dados de cinco principais setores: Indústria de Transformação, Comércio, Transportes, Serviços de Informação e Outros Serviços. Nos cálculos, são utilizados dados de alta frequência, ou seja, em bases diárias, como valores de notas fiscais das Receitas estaduais em 71 subsetores e Federal para 20 subsetores, 15 bases de dados de consumo de energia elétrica e indicadores de mobilidade, como pedágios, trânsito em São Paulo e mapeamento de voos dos 15 principais aeroportos do país.
Nos dados relativos a outubro, a alta de 2% é composta por comportamentos bem diferentes entre os setores. A indústria cai 4,9%, o comércio 3,3%, enquanto segmentos ligados aos serviços sobem. É o caso de transporte, com elevação de 7,2%, serviços de informação, 8,4% e outros serviços, 6,5%.
Fonte: “Valor Econômico”, 24/11/2021
Foto: Reprodução