Qual a correlação entre a logística e os modernos conceitos de finanças? Qual a importância do segmento industrial para a economia dos países? Por que avaliar finanças em logística? Estas são perguntas freqüentes de executivos dos setores de produção e operações, bem como por estudantes de cursos de graduação e pós-graduação em negócios.
Em economia, aprende-se que a teoria aplicada é subdivida em finanças de mercado e corporativa. Em finanças de mercado, é possível entender os princípios de micro e macroeconomia, bem como a importância e o peso da participação do Governo e das empresas privadas para o crescimento econômico. Aliás, o ideal é a junção deste tema aos conceitos históricos da economia, para o pleno entendimento dos planos econômicos aplicados no Brasil e no mundo, avaliando os prós e os contras destes pacotes e as suas conseqüências. Além destes fatores, diferenciar os fundamentos da economia de mercado, para as propostas keynesianas é interessante.
Diga-se de passagem, que muitos economistas e governantes criticam o modelo liberal e o Consenso de Washington, esquecendo que Keynes, apesar do incentivo para a intervenção estatal, quando da crise de 1929 e pelos apelos ao New Deal, era um defensor de práticas de mercado.
Já em finanças corporativas, os estudos são voltados para os cálculos de modelos considerados simples, como o valor presente líquido, valor futuro, taxa de juros, prestações, depreciação, entre outros, até instrumentos mais sofisticados como o EBITDA, sigla para Earning Before Investments, Taxes, Depreciation and Amortization, sendo algo muito utilizado para verificar a rentabilidade de negócios.
Diante de todos os fatos citados acima, o setor de logística é um paradoxo pleno. Enquanto a infra-estrutura logística nacional encontra-se em um estado calamitoso, devido ao baixo investimento público, com estradas esburacadas, portos saturados, aeroportos defasados quanto à capacidade de passageiros, cargas e uma legislação ultrapassada, alguns setores desfrutam de um momento incomum para a dinâmica de mercado.
Após a divulgação dos balanços trimestrais, empresas do setor automobilístico, siderúrgico, de aviação e petróleo, vêm registrando sérios prejuízos, devido aos problemas enfrentados pela crise de crédito mundial, com início nos Estados Unidos, desdobramentos pela Europa e abalos sentidos no Brasil, com o Banco Central trabalhando forte para evitar maiores danos na economia real.
Mas é preciso registrar um fato curioso. A maior empresa de mineração do Brasil registrou um lucro líquido de R$ 12,4 bilhões no terceiro trimestre de 2008, superior em 166,9% ao mesmo período de 2007. Os fatores determinantes para este resultado estariam relacionados ao volume recorde de embarques de minério de ferro, principalmente para a China, além da atual cotação do dólar, o que favorece as exportações. Mas estas seriam as únicas causas determinantes para o sucesso financeiro desta empresa? Não estaria inclusive a própria China já registrando problemas de crescimento econômico?
Uma possível resposta pode estar associada ao modelo de gestão da empresa, que passa pela ótima seleção, retenção e treinamento de seus funcionários, mas essencialmente pela logística eficiente, com ótimos entendimentos de finanças de mercado e corporativa.
As empresas do segmento logístico, além de entenderem sobre o seu canal de distribuição e da escolha de fornecedores, devem executar os seus contratos, mediante modelos de previsão de demanda e controle de estoques, com constantes reajustes de preços para o equilíbrio financeiro. Desta forma, os acionistas e o próprio governo agradecem tanto na forma de lucro distribuído, quanto de impostos a pagar. Pelo que parece este foi o dever de casa executado por esta grande empresa de mineração, que, diga-se de passagem, foi privatizada há alguns anos e com ótimos resultados gerados para a economia como um todo. Alguém ainda é a favor da sua estatização?
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