O mercado de gás natural vem vivenciando uma revolução, proporcionada pela viabilização técnica e econômica da extração de gás não convencional, provocando aumento da oferta e, consequentemente, redução de preço no mercado americano.
O caso do shale gas nos Estados Unidos é notável, pois sua produção era insignificante até 2005. Hoje é responsável por 23% da produção americana de gás natural e nos próximos 20 anos deve alcançar 50% do total explorando as reservas tecnicamente recuperáveis de 93 bilhões de barris equivalentes do petróleo do país.
A queda do preço no mercado americano vem viabilizando a conversão de usinas termelétricas a carvão para gás natural e vem atraindo indústrias para o território americano, que procuram se beneficiar do baixo preço desta energia.
O shale gas se encontra em formações sedimentares de baixa permeabilidade. Diferentemente do gás convencional, que migra das rochas onde foi formado para rochas reservatórios, este gás não convencional fica aprisionado, pois a baixa permeabilidade dificulta o seu escape.
Esta característica inviabilizou por muito tempo a sua extração. Com a técnica de perfuração horizontal dos poços e o advento do faturamento hidráulico este problema foi superado.
Na década de 70, o governo iniciou um processo de financiamento de pesquisa através do Departamento de Energia, para novos métodos comerciais de fracking. Foi criado o Gas Research Institute (GRI) com recursos públicos, como instrumento para investir em pesquisa e novas técnicas de exploração de gás natural não convencional.
Ao mesmo tempo, foi criado um programa de incentivo fiscal e o resultado foi a criação do Natural Gas Policy Act (NGPA), que levou a introdução de um crédito tributário de três dólares por barril de gás natural não convencional.
Os maiores frutos da pesquisa se deram no final da década de 1990, com a maturidade das técnicas de hydraulic fracturing (fracking) e horizontal drilling que permitiram a exploração comercial de gás não convencional. Estima-se que a indústria do shale gas emprega atualmente cerca de 600 mil trabalhadores nos Estados Unidos, e que em 2015 a atividade vá contribuir com US$ 118 bilhões para o PIB americano.
Além dos Estados Unidos, pioneiros na área, o processo para extração desse tipo de gás já foi iniciado na Austrália, na Europa, na África (África do Sul), na América do Sul (Argentina) e na Ásia. O último plano quinquenal da China (2011-2015) prevê grandes investimentos para esta atividade.
A EIA classifica o Brasil como a 10ª maior reserva de shale gas no mundo, analisando apenas o potencial da bacia do Paraná. Como se sabe da existência de outras bacias sedimentares com potencial como a bacia do São Francisco e do Parnaíba, há a possibilidade do Brasil se transformar num grande produtor.
Para viabilizar a atividade, é preciso definir um conjunto de regras e políticas que fomentem a atividade no seu inicio. Seria necessária a criação de um marco regulatório específico e a criação de uma legislação própria de forma a lidar com as questões inerentes à atividade.
Fonte: Brasil Econômico, 21/06/2012
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