A modernidade e o pós moderno são resultados de dois movimentos espaçados por séculos, mas, conexos entre si, quais sejam, a Renascença trazendo sua abordagem antroposófica, e o Iluminismo inserindo metodologia científica, lógica e razão a toda e qualquer área do conhecimento humano.
Por certo tais movimentos culturais retiraram a humanidade do lodo mitológico e a alçaram ao patamar tecnológico, o que deve ser comemorado. Todavia, efeitos colaterais indesejáveis são inevitáveis. Um deles, aliás dos mais perversos, afetaram o gênero feminino da espécie dita inteligente.
Indicam os estudos dirigidos à paleontologia e antropologia que a evolução da raça por muito tempo dependeu da divisão de tarefas, sendo o macho responsável por caçar e proteger, e a fêmea por colher, criar os filhos e manter o ninho, ou lar, nos dias de hoje.
Assim sendo, os homens desenvolveram aptidões espaciais ou tridimensionais de acordo com as exigências de suas atividades. E as mulheres fizeram o mesmo, tornando-se mais eficazes em termos de relações familiares e sociais, cumuladas com a capacidade de manutenção do espaço íntimo de forma protecionista e eficiente.
O tempo passou. E como tudo que evolui, era de se esperar que um aprendesse com o outro. As guerras mundiais chegaram e as mulheres foram convocadas. A devastação pós guerra também chegou e os homens foram chamados à sensibilidade. Diante da miséria, vale notar, pouco importa o sexo de quem quer colaborar. As mulheres aprenderam tal lição. Os homens, não. Não cabe julgamento, mas vale a anotação.
As mulheres aprenderam com os homens. Mas os homens pouco aprenderam com a mulheres. Por serem mais organizadas e conseguirem acumular diversas tarefas ao mesmo tempo, hoje sabem lidar com cargos de chefia e comando com extrema aptidão. O homem continua sem saber como lidar com os embates entre razão e emoção. Ainda vive os extremos de tais exigências, achando, inclusive, que Inteligência Emocional é um assunto destinado aos fracos ou fragilizados. Obviamente estamos abordando uma maioria, assumindo a fração de erro intrínseco a toda generalização.
Por certo que a figura da força, proteção e determinação masculina não é algo descartado ou desprezado. As mulheres, por mais executoras que sejam, admiram e procuram tais qualidades em um possível parceiro. A diferença é que a determinação e o comando devem traduzir coerência. Pode sim, ser uma aventura. Mas deve ser coerente. Deve ser orientada por um alvo desejável, e, acima disso, possível. Os homens bem resolvidos não querem uma nova mãe. Desejam apenas a segurança de saber que seus filhos terão uma mãe dedicada – não escrava, entenda-se bem.
Vale lembrar da expressão “eu só quero amor e uma cabana”. Amor sim. Cabana, só se for um bangalô no Pacífico Sul. Exageros à parte, é justo que a mulher independente e produtiva cobre do homem na mesma medida, seja do que for.
Filhos, carreira, decisões, investimentos, aquisições, vendas, mudanças de cidade, de casa, enfim, de tudo que possa modificar a vida do casal ou dos parceiros.
A mulher inteligente do século XXI não busca sobrepujar. Não busca vencer o homem. Na verdade ela nem pensa em uma competição em termos de vitoriosos ou derrotados no que tange ao gênero sexual. Ela compreende perfeitamente o que sofreu em termos de machismo e não o admite mais. Ao mesmo tempo, sabe que a junção do melhor de cada um oferece a melhor opção, não apenas para ela e seu companheiro, mas para seus filhos, se os desejar ter.
O homem deve ser sensível, mas não fraco. A mulher deve ser doce, mas não submissa. O resumo das experiências sabiamente propagado por mulheres realizadas e felizes (porque seja homem ou mulher, quem se diz realizado não pode ser infeliz), pode perfeitamente ser expresso conforme acima.
Aos homens que ainda resistem ancorados em seu machismo ignorante, vale notar que todo ser humano nasce fêmea, caso não se saiba. Os cromossomos e seus hormônios é que vão definir a evolução do aparelho sexual do embrião, semanas depois da concepção. Existe uma lição intrínseca aqui. Claro que cada um deve apreende-la como puder e desejar. Mas fica a dica. Sem confundir identidade ou vocação sexual, o Dia da Mulher é, afinal, um dia de todos nós.
Para os dias de hoje e para o futuro, é correto dizer que os homens inteligentes vão formar parcerias, aceitar suas falhas, firmar suas qualidades, de tal forma que a equação da vida faça sentido. As mulheres de valor já sabem disso. E desejam tal movimento de coração aberto. E como a maior lição fala a respeito de não brincar com o coração de uma mulher, é melhor entender que a tarefa será cumprida, muito bem cumprida.
As mulheres são bem-vindas e necessárias. Sempre foram e não se assumia tal fato. Assim como os homens são bem-vindos e necessários às vidas delas. Submissão e dependência devem dar lugar à parceria e companheirismo. O melhor aprendizado se dá com essa receita. Todos os agradecimentos e louvores às mulheres sábias, que elevam o cardápio trivial à categoria de vida gourmet.
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