Apesar do apregoado bom momento vivido pela economia brasileira – sobretudo se considerarmos as declarações dos integrantes do governo – nosso desempenho continua pífio em termos de competitividade mundial, como atesta o relatório da pesquisa do Fórum Econômico Mundial (WEF na sigla em inglês).
A avaliação é anual e engloba 139 países. No Brasil, colaboram com ela a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo.
A questão da competitividade é muito dinâmica e não permite que se durma nos louros de conquistas passadas. Por isso, o resultado recém divulgado deve servir de alerta para os responsáveis pela condução dos destinos da economia brasileira, pois a perda de duas posições no ranking deste ano neutraliza em parte os avanços registrados de 2007 a 2009 quando o Brasil havia galgado 16 posições.
Com 4,28 pontos, o Brasil ficou atrás de países como Azerbaijão, Mauritânia e Omã. Viu o vizinho Chile liderar entre os países da América do Sul e ainda assumiu a segunda pior colocação entre os BRICs, na frente apenas da Rússia. A Suíça manteve o primeiro posto pelo segundo ano consecutivo, enquanto os Estados Unidos caíram do segundo para o quarto lugar, ultrapassados pela Suécia e por Cingapura, respectivamente na segunda e terceira posições. O ranking completo pode ser visto em gcr.weforum.org/gcr2010/.
Os fatores que contribuíram negativamente para o nosso fraco desempenho não são novos. Muito pelo contrário. São praticamente os mesmos que impediram que os avanços registrados em anos anteriores não fossem ainda mais significativos e incluem: o peso da regulação pelo governo, a extensão e o peso da tributação (o Brasil ficou com o último lugar entre os 139 países pesquisados); o desperdício nas despesas governamentais e spread na taxa de juros (136º lugar); e o tempo gasto para abrir um negócio (135º lugar).
Outros fatores em que o Brasil foi muito mal avaliado, classificando-se entre os 15 piores na avaliação do WEF foram: rigidez do mercado de trabalho, confiança nos políticos, crime organizado, custo da violência para os negócios, qualidade dos portos e problemas aduaneiros.
Também merecedor de atenção especial é o fraco desempenho dos nossos indicadores educacionais, uma vez que o Brasil ficou com a 126ª posição na qualidade do ensino de Matemática e Ciências e na 127ª em qualidade do ensino primário de uma forma geral.
Felizmente, em outros indicadores o desempenho do Brasil foi bastante satisfatório. Entre eles, destacam-se: as dimensões do mercado interno e o conteúdo local da produção; a solidez dos bancos e o desenvolvimento do mercado financeiro; a sofisticação dos negócios e o treinamento profissional.
A organização (WEF) avalia que a melhora da situação do País no ranking nos anos anteriores havia sido consequência dos esforços realizados nos últimos 20 anos para alcançar a estabilidade econômica, a liberalização e a abertura da economia, e a redução da desigualdade, entre outras coisas.
O WEF considera, porém, que o país ainda tem fraquezas em muitos aspectos e “enfrenta importantes desafios para alcançar totalmente seu enorme potencial competitivo”.
Não é preciso ser um expert para perceber que o Brasil vai bem nos setores em que o predomínio absoluto é do setor privado, e mal nos setores em que a responsabilidade é exclusiva ou predominantemente do setor público.
E ainda tem gente que contesta as privatizações e a abertura da nossa economia. Dá pra entender?
Fonte: Conselho Federal de Economia, 19/10/2010
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