Suponha que um sujeito é dono de uma loja e que ele tenha acumulado uma fortuna de 50 milhões de dólares. Obviamente, ele precisa de cada dólar amealhado para ter os 50 milhões. Não importa o número de série de cada nota, nem qual foi a primeira, nem qual foi a última que ele recebeu. O que o faz ter 50 milhões de dólares foi ter recebido cada nota ao longo do tempo.
Agora, imaginem se milhares de clientes deixassem de frequentar essa loja para frequentar outra. Suponhamos que o dono da loja tenha deixado de receber 15 milhões de dólares de clientes anônimos. É claro que alguns clientes teriam deixado de contribuir com um dólar, outros talvez com dez dólares, não importa. Importa que o somatório dos valores que cada cliente que se absteve de contribuir para que o dono da loja atingisse aquele montante, fez com que ele ficasse com uma fortuna de apenas 35 milhões de dólares. Imaginem agora que ao invés de usarmos esse exemplo considerando a fortuna do dono de uma loja, pensamos no número de votos de um candidato a um cargo eletivo. É claro que um dólar é 1/50 milhões da fortuna do dono da loja, como um voto seria 1/50 milhões da votação de um candidato a um cargo eletivo. Podemos dizer que um dólar ou um voto é insignificante?
Claro que não. Cada dólar e cada voto tem a mesma significância e farão a diferença no final das contas. Outra forma de ver essa questão, é o crowdfunding, aquele tipo de captação de recursos financeiros onde alguém deseja obter dinheiro suficiente para financiar o seu projeto.
Digamos que o recurso mínimo para que o crowdfunding se torne realidade, ou seja, para que os recursos prometidos sejam pagos a quem propôs o projeto, seja de 50 milhões de dólares e que cada contribuinte está limitado a um dólar de contribuição. Se o montante acumulado não chegar a 50 milhões, cada dólar volta para o seu dono original, se chegar a esse montante, os recursos serão transferidos para o projeto. Se ninguém acreditar que será possível o crowdfunding acumular o montante almejado, é óbvio que este descrédito no projeto, fará com que ele nasça sem perspectiva de sucesso. Se houver ainda, aqueles que incentivam as pessoas a não aplicar um dólar no crowdfunding, será ainda muito mais difícil que o projeto consiga se realizar.
Agora imaginem o seguinte, se houver dois projetos concorrentes, sendo um, absolutamente nefasto, idealizado pelo que há de pior no mercado, gente que pretende empreender para tolher a liberdade das pessoas, monopolizar a oferta de produtos à força, confiscar o que é dos outros em escala jamais vista, fazer joint ventures com criminosos internacionais; e outro, um projeto um pouco menos danoso, feito por gente que tem um pouco mais de respeito sobre a moral e o que é dos outros, você desaconselharia e estimularia seus amigos e conhecidos a deixarem por isso mesmo? Diria, “Ah, não coloquem dólar algum nesses projetos que não fará diferença”? Sabe-se ainda que não existe um montante mínimo de arrecadação obrigatória, ou seja, aquele que juntar o maior valor, ganha a exclusividade de impor o seu projeto ao mercado. O que você faria? Pegava o seu dólar e ia comer rosquinha de polvilho na praia, ou tentaria fazer com que o projeto menos danoso vencesse? Parece óbvio, não é? Mas tem gente que não concorda. Tem gente que acha que um dólar não vai fazer diferença alguma no final.
É por isso que os maus vão tomando conta. Os bons preferem comer rosquinhas. Ou será que não são tão bons assim? Podem ser apenas niilistas, anarquistas fanáticos que acham que entre o pior e o “menos pior” não há a menor diferença.
Fonte: Instituto Liberal, 11/08/2014
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