Os debatedores estão muito preocupados com os fins e como eles justificam os meios e muito pouco preocupados com os princípios, valores e ideais dos indivíduos na sociedade.
O debate político foca ideologias e estratégias para tangenciar a discussão sobre o que falta aos debatedores: virtudes e caráter.
Políticos debatem o tempo todo sobre o que fariam com nossas vidas quando chegassem ao poder. Eu só queria saber o que eles fariam com as vidas deles para nos deixarem em paz, porque das nossas cuidamos nós.
A raiz do problema é que poucos na nossa sociedade pensam como eu. Não é à toa que os políticos discutem sobre o que farão com a economia, com a educação, com a saúde, com o bem comum, com o estado de bem-estar social. Existe uma imensa maioria formada de gente que não se preocupa com a falta de moral no debate.
Eles não veem a vida como uma sucessão de escolhas, exatamente aquilo que institui a necessidade de um debate baseado na moralidade.
Eles veem a vida como uma sucessão de chances, como uma loteria, por isso reclamam a todo momento sobre igualdade de oportunidades.
Para esses, tudo deve ser visto com pragmatismo; querem ter a sorte de serem os escolhidos pelos donos das suas vidas, aqueles que foram eleitos na roleta russa da democracia para decidirem sobre o futuro das nossas vidas.
Eu gostaria de moralizar o debate político, o que significa trazer para o contexto social leis que protejam o direito de escolha dos indivíduos, impedindo os políticos de transformá-lo em um jogo de azar.
Não vivemos num cassino onde para alguém ganhar, outro tem que perder. Vivemos no mercado onde a liberdade permite que haja cooperação e trocas voluntárias para mútuo benefício.
A moral da liberdade de escolha é que ela permite que o jogo não seja de sorte ou azar – o jogo é ganha-ganha.
No jogo ganha-ganha do mercado ninguém precisa de alguém para dar as cartas; elas já estão nas nossas mãos e cabe a nós escolhê-las.
O papel do governo numa sociedade moral é fazer com que as escolhas sejam respeitadas e que ninguém use as cartas que não lhe pertencem, inclusive e principalmente quem está no governo.
Fonte: “Instituto Liberal”, 31/8/2020