Finalmente encerrou-se mais um turno da eleição. Na disputa pelo nosso voto, milhares de candidatos propagandearam que mudariam nossa vida, prometendo-nos um futuro melhor. Há décadas ouvimos sempre a mesma sentença, o Brasil é o país do futuro.
Temos honrado fielmente este título, outorgado por Stefan Zweig, escritor austríaco que optou por adotar nosso país como sua residência até acabar com a própria vida, desanimado com o futuro da humanidade. Ser o país do futuro pode ter dupla interpretação.
Pode ser como o nosso, sempre correndo atrás de um pretenso desenvolvimento, sem nunca alcançá-lo efetivamente ou sempre chegando depois de quase todos os demais.
Imaginamos que a vontade e a marcha do tempo serão suficientes para nos colocar no primeiro time de nações. Porém acabamos, pela nossa própria inépcia, mantendo o futuro, entendido como o desenvolvimento pleno e desejável, sempre à frente e distante.
Temos sido governados por personagens que, com sua retórica populista e demagógica, nos tratam como se fôssemos mulas, aquelas nas quais se amarra uma cenoura à frente para estimulá-las a seguir adiante, irracional e resignadamente, perseguindo uma isca, um objetivo, que jamais alcançarão.
Ser o país do futuro pode significar também, por outro lado, ser uma nação de vanguarda, inovadora nas ciências e na tecnologia. Criativa e crítica na cultura e na educação. Libertária e resolvida nas relações sociais e políticas. Interdependente e cooperativa nas relações internacionais. Desenvolvida e empreendedora nas atividades econômicas e empresariais.
Estas características descrevem um país de futuro pródigo e desejável, fundado em princípios que privilegiam a todos por promover o indivíduo como um fim em si mesmo.
Uma sociedade do futuro pode ser uma referência, um marco de avanços sociais e econômicos consistentes que transformam conhecimentos e demandas diferentes em riqueza, distribuida justamente, de acordo com o que cada um contribui e em conformidade com a capacidade que cada um tem de bancar.
A divisão do trabalho, base para o aprimoramento empresarial e laboral, e a cooperação voluntária, essencial para a satisfação mútua, submetidas a uma ordem livre e espontânea que chamamos de mercado, levarão a sociedade à riqueza, fazendo com que o futuro nos encontre antes do que imaginamos e mais preparados para aproveitá-lo.
Não é por outra razão que vemos países chegarem ao futuro antes do que nós, senão porque seus mercados são mais livres e suas instituições protegem com mais veemência e estabilidade os que neles interagem livre e espontaneamente.
O grande problema do Brasil é que ainda não fizemos nossa revolução capitalista libertária. O capitalismo, sistema que preza a liberdade, a cooperação, a competitividade, a propriedade privada, é a porta para um futuro melhor a qual jamais ousamos abrir.
O Brasil nunca adotou o capitalismo como sistema de organização econômica e social, por aqui jamais passou o liberalismo, seja na sua versão clássica ou, como chamam os estatistas, neo.
Não faz parte da doutrina libertária defender um Estado que existe para restringir o empreendedorismo, a contratação particular entre indivíduos, o uso da propriedade privada em suas diversas formas; nem para estabelecer proteções, cotas, subsídios, incentivos para uns, privilegiados, em detrimento de outros, oprimidos.
O verdadeiro capitalismo requer a separação absoluta entre o Estado e a economia, do mesmo jeito, que o laicismo requer a separação entre o Estado e a igreja. O liberalismo permite que o indivíduo seja autônomo e que qualquer associação seja decorrente de sua livre e legítima vontade.
Num sistema capitalista, é vedado ao Estado, como é a qualquer indivíduo isoladamente, utilizar o poder de coerção para, em detrimento de alguns, beneficiar a si ou a outros.
Vivemos sob a égide de uma economia regida pelo Estado, sempre autocrático, por demais castrador, e invariavelmente perdulário.
Sofremos com instituições que desprezam os direitos individuais e que, portanto, não garantem nem o interesse público nem o interesse privado legitimamente, sendo de forma contumaz, pervertidas para benefício escuso de pequenos grupos de interesse que se alternam cíclica e constantemente.
É como se estivéssemos amarrados a um pêndulo ideológico que oscila de um lado para o outro, ora tocando o fascismo, ora o socialismo, sem, contudo, avançar efetivamente em qualquer direção. Por aqui, as revoluções que se sucedem tem conseguido instituir apenas o status quo. Nossos revolucionários acabam completando giros de 360 graus e terminam seguindo no mesmo sentido e direção para onde rumavam aqueles que lhes antecederam.
Porém, não custa lembrar, a porta do futuro sempre esteve ali, a nossa frente, fechada, esperando para nos surpreender, de acordo com a chave que usarmos para abri-la. A chave que abre a porta para um futuro melhor está ao nosso alcance, basta reconhecê-la.
Nada mais do que a liberdade, o direito de propriedade e o direito à vida é necessário para abrir a porta que nos conduzirá à busca da felicidade, força-motriz que pretende e permite um futuro melhor.
Tentei ler. Achei piada. Principalmente isso “O Brasil nunca adotou o capitalismo como sistema de organização econômica e social, por aqui jamais passou o liberalismo, seja na sua versão clássica ou, como chamam os estatistas, neo.” Vamos falar sério né, o mercantilismo escravocrata que formou a nação era capitalismo liberal. Negros eram mercadoria, ou seja, até a força de trabalho era liberada para uso livre e trocável. Sem o mínimo de conhecimento da realidade brasileira e com essa torcida ródicula para o Brasil ser liberal como hong kong ou cingapura, não da nem para começar a debater.
Marcelo:
” o mercantilismo escravocrata que formou a nação era capitalismo liberal. Negros eram mercadoria, ou seja, até a força de trabalho era liberada para uso livre e trocável.”
Quanta confusão e incoerência. Mesmo se supormos que pessoas pudessem ser mercadoria num regime capitalista liberal, o qe tinhamos durante os tempos de escravidao era algo extremamente distante de um capitalismo liberal, para citar apenas uma caracteristica que denota isso, nem ao menos o comercio de escravos (que deveria ser ilegal para se configurar uma sociedade liberal, mas para o bem do exemplo deixemos este “pequeno detalhe” de lado) era livre, o estado regulava e em alguns casos era o monopolista deste setor.
Sem o mínimo de conhecimento da realidade brasileira não da nem para começar a debater.
Excelente texto de Roberto Rachewsky.
É inconcebível o comentarista acima afirmar que mercantilismo (estatismo dirigista do comércio, voltado ao fortalecimento do próprio estado) e a escravatura sejam comparáveis ao capitalismo (liberdade individual e liberdade de iniciativa). Não poderiam ser regimes mais opostos. A ignorância é do próprio comentarista.
Artigo muito bem escrito pelo Roberto Rachewsky, o que não implica dizer que concorde com seu inteiro teor. “Data venia” de douto entendimento em contrário, desconheço o lugar onde o capitalismo puro promoveu igualdade de oportunidade. Será nos Estados Unidos? onde os miseráveis vivem em casas montadas em carro, enquanto o minoria habita apartamentos e casas bilionárias? Concordo que de fato os teóricos e os “práticos” da política no Brasil jamais chegaram a um consenso sobre que capitalismo adotar. Aqui o Estado é socializado de fato, por pequenos grupos econômicos associados as elites dominantes, que se apropriam indevidamente do dinheiro arrecadado de nossos impostos. Que diga-se, não é pouco, porém retorna nada para classe média e mal para as classe “C” e “D”.Jamais seremos do futuro sem regras estáveis, infra-estrutura macro econômica e educação de qualidade. Existem muitos, históricos e graves problemas, mas tenho certeza de que não seremos salvos pela “mâo invisível do mercado”.
Obrigado Tertuliano, para melhor reflexão:
1. O capitalismo puro jamais existiu. Ao longo dos séculos se verifica graus maiores ou menores de respeito aos direitos individuais legítimos(liberdade, propriedade e vida). É incontestável que a riqueza é maior e melhor distribuida onde há maior dose de capitalismo do que onde não há.
2. Os Estados Unidos, tem experimentado crescente grau de socialismo, onde o governo intervém intensamente causando crises, concentração de renda e aumento da miséria. Os Estados Unidos servem como exemplo de que até mesmo países que prosperaram muito com o capitalismo, podem decair com a expansão da intervenção coercitiva do estado tolhendo os direitos individuais.
3.A mão invisível do mercado (todos nós) vem sendo decepada pela mão forte do estado. Mão esta, que serve interesses dos grupos que querem ganhar muito, dando pouco ou nada para quem os paga. A mão invisível do mercado somos nós interagindo livremente, sem tacão, sem impostos ou sem máfias.
Dando sequência:
Quando alguém fica rico por satisfazer honestamente as demandas do mercado merece cada centavo, cada milhão que amealhar. O mercado nada mais é do que pessoas que interagem livre e espontaneamente entre si, pessoas como eu e você buscando adquirir o que há de melhor e mais barato. Buscando também oferecer o que se tem para obter o maior ganho possível que o mercado concorde em pagar.
Quanto mais liberdade e respeito à propriedade se tem numa sociedade, maior oportunidade se apresenta para a mobilidade sócioeconômica da população. Todos tem a oportunidade de oferecer o que têm para contribuir ou para adquirir o que necessita.
Concordo com tudo. Só pergunto quem ficaria responsável pela infraestrutura pública, como estradas, pontes, ruas etc…?
Meu caro Fausto, dada as condições com que se apresentam a infraestrutura pública, estradas, praças, ruas e sua devida manutenção, a pergunta que devemos fazer de imediato é “mas quem é o irresponsável que cuida disto?”.
Porque as ruas dos condomínios privados são bem cuidadas? Porque estradas e pontes privadas pedagiadas são mais seguras e melhor mantidas? Porque aeroportos e portos que estão na mão de empresas privadas são melhores do que os estatais? A intervenção estatal em todas as áreas dificulta o investimento privado, principalmente em projetos de longa duração que exigem mais tempo para a obtenção de retorno. Sugiro ler Walter Block sobre o assunto. Ai vai uma sinopse feita pelo Rodrigo Constantino para o IMB.
http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=145
Mais comediantes comentando que a estrutura social brasileira de 4 séculos de escravidão e mercantilização total do trabalho é um “pequeno detalhe”…
Evidentemente que esse grande detalhe é omitido da argumentação senso comum liberal que valoriza hipóteses convenhamos socialmente ridículas como a de mercado espontâneo e livre.
Nunca existiu nada espontâneo na modernização social tenha ela centralidade no estado ou no mercado, tenha ela horizontes socialistas ou liberais. A racionalização necessária para subjulgar o trabalho e as terras como mercadorias, imputar nas pessoas necessidades de consumo, faze-las trabalhar nos processos mais ridiculos e enfadonhos por necessidade de sobreviência, a incitação ao consumo da propaganda de massa com sexo, com apelos a crianças etc mostram a falácia da espontâneidade do mercado quando esfera natural da sociedade, desde sempre.
Hoje, c hecatombede 2008, bancos salvos pelo papai estado a decadência da regulação negativa utópica liberal é obvia