Em “A sombra do ditador – memórias políticas do Chile sob Pinochet” (Zahar, 2010), o diplomata Heraldo Muñoz – opositor da ditadura do ex-general Augusto Pinochet- relata e analisa suas memórias políticas do país sobre o ditador, que fez um governo de 17 anos e que deixou mais de 40 mil vítimas de prisão, tortura, morte ou desaparecimento. Contudo, impôs o modelo neoliberal no Chile, que o elevou a uma das nações latino-americanas mais desenvolvidas.
O livro narra os fatídicos acontecimentos de 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Estado que tirou o presidente Salvador Allende (1970-1973) do poder, e vai até a eleição da primeira presidente mulher do país, Michelle Bachelet (2006-2010). Muñoz não se limita só aos fatos, ele apresenta farto material de pesquisa, incluindo documentos secretos americanos e chilenos, além de entrevista com os principais personagens envolvidos na história chilena nas últimas décadas.
Militante do Partido Socialista, o mesmo de Allende, o autor conta o que aconteceu no Palácio de la Moneda no dia do golpe e fala de episódios marcantes como o atentado à vida de Pinochet, a Direccion de Inteligencia Nacional (Dina-polícia secreta chilena), a Operação Condor, o assassinato do general Carlos Prats, em Buenos Aires (Argentina), e o assassinato de Orlando Letelier, em Washington (Estados Unidos).
O autor analisa também o papel dos EUA na ocasião, o apoio direto do diplomata norte-americano Henry Kissinger a Pinochet, os debates entre exilados para organizar a resistência à ditadura e a luta da oposição para dar fim a um dos regimes mais repressivos do mundo e para reconstruir a democracia no Chile.
Muñoz, que participou ativamente do governo Allende, é doutor em relações internacionais e embaixador do Chile na Organização das Nações Unidas. Ele também foi embaixador do Chile no Brasil (1994-1998) .
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