Para que é que uma sociedade precisa de banda larga? Para postar vídeos de gatos, jogar “Candy Crush”… e todo o resto que, hoje, se traduz por desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Considerem esses números:
— A cada 10% de ampliação da cobertura de banda larga, o PIB de um país em desenvolvimento aumenta 1%;
— Quando se dobra a velocidade desta banda, o PIB cresce mais 0,3%;
— A cada mil novas conexões, criam-se 80 empregos;
— A área de TIC gera 2% das emissões de carbono, mas pode reduzir as emissões do resto da indústria em 16,5%.
Impressionante, não é? Quem me chamou a atenção para eles, que constam de um relatório do Banco Mundial, foi Hans Vestberg, presidente e diretor executivo da Ericsson, a gigante sueca das telecomunicações. Ele veio ao Brasil para uma conferência na Futurecom e para as comemorações dos 90 anos da empresa no país — e surpreendeu a todos falando um ótimo português, aprendido em São Paulo, onde viveu entre 1998 e 2000, quando foi diretor financeiro da Ericsson Brasil. Compreensivelmente, Vestberg é um dos mais veementes defensores da tecnologia como motor para o desenvolvimento social.
— A TIC (sigla para tecnologia de informação e comunicação) deveria ser incluída em todos os planos de governo — observa. — Considero minha missão pessoal mostrar a todos os governos do mundo a importância da banda larga.
(Sim, eu sei o que vocês estão pensando; e não, nenhum dos candidatos à Presidência da República se manifestou sobre o assunto, nem há sombra de um projeto nacional real para o setor. Ainda vou voltar a isso!)
Na era da telefonia fixa, levamos cerca de cem anos para conectar um bilhão de lugares; na era do celular, cinco bilhões de pessoas foram conectadas em apenas 25 anos. Mas agora que estamos entrando na era da internet das coisas, as empresas de telecomunicações são unânimes em prever uma acelerada dramática do processo: até 2020, imagina-se que nada menos de 50 bilhões de dispositivos estarão interligados entre si. Não é à toa, portanto, que as palavras — ou siglas — chave da 16ª Futurecom, que termina hoje em São Paulo, tenham sido IoT e M2M, respectivamente Internet of Things, a famosa internet das coisas, e Machine to Machine, máquina a máquina, duas formas de dizer praticamente a mesma coisa.
Objetos e sociedades conectadas podem contribuir de forma decisiva para melhorar o mundo em que vivemos. Ainda estamos dando os primeiros passos nessa nova revolução tecnológica, mas é fantástico ver o que já existe. A própria Ericsson trouxe para a feira, por exemplo, um cenário de cidade conectada que já começa a ser real — as soluções que desenvolveu junto com a Telefônica Vivo estão sendo implantadas em Águas de São Pedro, pequena e próspera cidade do interior de São Paulo. Lá, um sistema de iluminação inteligente e estacionamentos com sensores apontam novas direções para o relacionamento das pessoas com as cidades em que vivem. Os postes, conectados individualmente a uma central, permitem controle remoto e monitoramento do consumo de energia; já os estacionamentos, semelhantes aos que já existem em alguns shoppings, têm sensores embutidos no chão. Quando um carro estaciona, é “lido” pelo sensor da vaga que ocupou, que coleta o pagamento automaticamente e transmite a mudança de status do espaço para o sistema.
Fonte: O Globo, 17/10/2014.
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