O software da política mudou, sobretudo com a interação possibilitada pela tecnologia e pelas redes sociais. O cidadão brasileiro, muito mais crítico e informado, cobra um espaço que encarne o desejo de transformação, com novas ideias, novos valores e novas práticas.
Em meio ao desarranjo representativo, surge uma janela de oportunidade para o florescimento de um novo polo político capaz de remodelar o quadro eleitoral do país. Uma força inovadora de centro-direita, de viés liberal-reformista, distante dos extremos ideológicos e do populismo irresponsável.
As forças reformistas estão em alta no mundo. Basta olhar para nossos vizinhos. Mauricio Macri na Argentina, Pedro Pablo Kuczynski no Peru e agora Sebastián Piñera no Chile, sem falar na simbólica vitória de Emmanuel Macron na França. O Brasil não pode desperdiçar tamanha oportunidade.
Parece evidente que o espaço para uma diferenciação programática passa pela defesa de teses pró-mercado e pró-reformas, alinhada aos valores humanistas da sociedade brasileira, como liberdade, família, vida e propriedade.
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Não dá para ocupar a mesma trincheira trabalhista ou social-democrata que petistas e tucanos foram abraçando com o tempo. O caminho que restou, até agora sem representante significativo no Brasil, é a “alternativa liberal-reformista”, de linha centrista.
Alternativa porque sugere que é hora de ir além da radicalização para construir algo novo, com diálogo e propostas de qualidade; liberal porque propõe menos poder para o Estado e mais nas mãos dos cidadãos, sem amarras para quem deseja empreender; e reformista porque apoia as mudanças necessárias para alcançar o maior grau de progresso possível, com coragem e responsabilidade.
É precisamente em direção a esse espaço que uma força política reformadora deve se mover. O primeiro passo é oferecer ao país uma agenda modernizante, que inclua:
1) Responsabilidade fiscal como cláusula pétrea, atrelada à ampliação de investimentos e fortalecimento de reformas estruturais, como a da Previdência;
2) Maior abertura do país ao mercado internacional, menos regulações estatais e aprofundamento das privatizações;
3) Tolerância zero com o crime, endurecimento das leis penais e mais liberdade para o cidadão se proteger;
4) Empreendedorismo prestigiado e prioridade à ciência, tecnologia e inovação; mais produtividade, melhores empregos;
5) Estado simples e eficiente, a serviço dos cidadãos, com menos burocracia, mais transparência e combate firme à corrupção;
6) Educação de excelência como prioridade nacional: menos doutrinação ideológica e mais ensino de qualidade, com foco no nível básico;
7) Novo pacto federativo, com descentralização de receitas e autonomia a estados e municípios na formulação de políticas públicas;
8) Apoio para os mais pobres prosperarem: programas sociais com ênfase na redução da pobreza e estímulo à igualdade de oportunidades;
9) Simplificação do sistema tributário, com incentivo à formalização e redução de impostos;
10) Ciclo de crescimento sustentável aliando proteção do meio ambiente com geração de riqueza.
Trata-se de agenda central para a construção de um Brasil seguro, humano, empreendedor e sustentável.
Conquistar esse verniz programático é uma forma de dar um passo à frente em meio à fragmentação eleitoral. A corrente liberal-reformista, no papel de centroavante da política brasileira, tem tudo para reconduzir o Brasil a um novo salto.
Fonte: “Folha de S. Paulo”, 05/03/2018