Se a educação precisa de respostas, é porque temos que fazer as perguntas certas. Sabidamente, perguntas tortas somente levam a respostas enviesadas. Logo, para responder bem é preciso ter clareza de premissas e retidão de fundamentos. Por que, então, a política educacional brasileira naufragou, condenando milhares de crianças à miséria da ignorância? Tal pergunta – de complexas e múltiplas causas – vale muito mais que US$ 1 milhão e, ciente disso, procurarei lançar, a partir de meus parcos centavos de saber, alguns argumentos para a reflexão e aperfeiçoamento coletivo.
Inicialmente, lembro que a paternidade e a maternidade, além da esfuziante alegria de dar à luz uma vida, trazem consigo inerentes deveres de responsabilidade. Embora passível de exceções, o futuro da criança dependerá, em muito, das opções que os pais fizeram no momento da criação. A casa, mais do que o carinho do lar, representa o primeiro contato da criança com os limites do mundo. É ali, com o primordial exemplo de nossos pais e mães, que aprendemos as primeiras lições da vida, como o que pode e o que não pode, o que é bom e o que é ruim. E, assim, gradativamente, a criança vai formando sua personalidade íntima e moral para, mais tarde, compreender os ensinamentos que vêm da escola.
Não é à toa, portanto, que a Constituição determina que a educação é um dever do Estado e da família (art. 205). Aqui, chegamos a uma questão absolutamente intrigante: será que a febre cultural do individualismo egoísta enfraqueceu os laços da instituição familiar? Até onde os casais atuais apenas querem ter filhos e, sem tempo por motivos profissionais, esquecem a intransferível responsabilidade de serem pais? E será que a mercantilização do ensino, transformando alunos em clientes, não enfraqueceu a autoridade do professor, comprometendo, ato contínuo, a qualidade do processo educacional?
Soma-se a isso o inegável enfraquecimento da vida política que, ao invés de homens públicos modelares, foi assaltada por carreiristas de plantão que, sem rebuços, cuidam exclusivamente dos seus interesses eleitorais, fazendo do flagelo educacional um anestésico para a crítica e avanço democrático. Todos esses problemas são nossos, e nós, como brasileiros, teremos que enfrentá-los e resolvê-los. Além de resgatarmos o papel formador da família, se faz imperativo exigirmos uma séria política de investimento educacional em favor de nossas crianças. E, aqui, me vem a nobre lembrança do Padre Antônio Vieira, quando disse que “para ensinar é sempre necessário amar e saber, porque quem não ama não quer, quem não sabe não pode”. Ou será que, além de ensinar, é preciso saber amar?
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