Iniciamos a semana com a notícia de que o TRF-4 rejeitou por 3 a 0 os embargos de declaração do expresidente Lula. Agora é aguardar o que o STF deve deliberar no dia 4 de abril sobre o Habeas Corpus, mas já se observa uma intensa pressão da sociedade contra esta decisão. Na agenda, atenção para a ata do Copom na terça e o Relatório Trimestral de Inflação na quinta-feira. No exterior seguem os debates sobre os desdobramentos das tensas relações comerciais entre EUA e China.
Na decisão do TRF-4, contra os embargos da defesa do ex-presidente Lula, nenhuma surpresa, já que todos esperavam esta postura dos juízes. O problema é que esta decisão acabou “esvaziada” pelo adiamento do STF na votação do Habeas Corpus na semana passada. Lembremos que o placar de decisão do STF acabou causando algum desconforto (7 a 4), por muitos sinalizarem que repetiriam o voto pelo HC no dia 4 de abril. Isso significa que o ex-presidente Lula já é “ficha suja”, mas poderá fazer campanha para o candidato do PT, caso este seja lançado.
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Nesta segunda-feira a Focus veio sem maiores novidades, com o IPCA deste ano recuando um pouco mais, pela oitava semana seguida, de 3,63% a 3,57%, no ano que vem passando de 4,20% a 4,10%. Já o Índice de Confiança da Construção Civil veio em suave alta de 0,7%, a 82,1 pontos. Importante destacar também os dados do Caged e da arrecadação federal de fevereiro, divulgados na sexta-feira passada. No Caged foram 61,2 mil empregos formais gerados em fevereiro, totalizando 143,1 mil no ano. Nestes, os Serviços lideraram com 113,9 mil empregos no ano e 62,9 mil no mês, sendo 51,7 mil no ano para o ensino. Em seguida, tivemos a indústria de transformação gerando 67,4 mil vagas (17,4 mil no mês),com destaque para calçados (17,5 mil) e têxtil (12,9 mil). Comércio veio no sentido contrário, com a perda de 73,7 mil vagas, seguida pela Construção Civil. Em 12 meses chegamos a 102,4 mil vagas geradas.
Sobre a arrecadação federal, as expectativas apontam um incremento entre 3% e 4% acima da inflação neste ano. Em fevereiro, o total arrecadado chegou a R$ 105,1 bilhões, 10,67% maior do que o registrado no mesmo mês de 2017. Contribuiu para esta melhora a retomada da economia, mesmo não homogênea, com alguns setores crescendo mais do que outros, o parcelamento das dívidas pelos Refis e fatores atípicos, como a injeção de R$ 1,4 bilhão em tributos. Para o segundo semestre sinalizamos que este incremento da receita não deve se repetir pela base de comparação se alterando. Por fim, falando dos dois relatórios do BACEN (Ata e RTI) o que se tem é a autoridade monetária sinalizando novos cortes nos próximos meses, sendo quase certo no Copom de maio (dia 16) (a 6,25%). Na Focus, já parece consenso o juro a 6,5% ao fim deste ano, mas não será surpresa se recuar a 6,25% ou a 6,0% ao fim deste ano.
Sobre a agenda semana, além destes dois relatórios na terça e na quinta-feira, estejamos atentos também aos dados fiscais de fevereiro na quarta-feira, prevendo-se um déficit em torno de R$ 21 bilhões, assim como os vários indicadores de confiança na semana (ICI, ICS e ICOM). Por fim, nos dados da PNAD Contínua, o que se tem é a taxa recuando a 12,2% da PEA, mas ainda elevada, pela alta informalidade, aumento de empregos por conta própria e muitas vagas ainda de baixa qualificação.