A responsabilidade e a prestação de contas são dois dos quatro princípios da governança e estão relacionados a obrigação de empenhar-se com critério e zelo e responder pelas próprias ações. (Eleanor Roosevelt: “The choices we make are ultimately our responsibility.”).
Apesar de parecerem formais, os conceitos são abrangentes e fundamentam uma significativa mudança de comportamento nos indivíduos: seu envolvimento no próprio sucesso, no sucesso da organização para a qual trabalha, e no sucesso da sociedade a qual pertence, contrapondo o mero cumprimento de funções ou atividades ao comprometimento com o melhor resultado possível.
Primeiramente, é importante que cada indivíduo assuma sua responsabilidade de perguntar e receber respostas (saindo da condição passiva de aguardar respostas ou se ofender com sua demora), agir (tomar decisões) dentro de seus limites de atuação, e informar suas ações (provendo os elementos necessários para as decisões dos outros indivíduos). Enquanto não há assunção da própria responsabilidade, o indivíduo se mantém refém, ou sob o poder do outro, da conjectura, do destino, incapaz de compreender sua influência sobre a situação. Assim, o entendimento do conceito de responsabilidade é um dos principais impulsionadores da ação individual.
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Cabe lembrar, porém, que a responsabilidade assumida não deve ser ilimitada, ou abranger variáveis além da influência do indivíduo, sob a ameaça de ser insuportável, exaustiva e desanimadora. Incapaz de se responsabilizar por tudo, o indivíduo tende a não querer se responsabilizar por nada. E essa resistência não é eficiente. O indivíduo deve criar consciência sobre as variáveis que domina. E as organizações devem ser claras com relação às responsabilidades que define para cada um de seus colaboradores.
Complementarmente, é importante que cada indivíduo responda por aquilo que está sob sua responsabilidade, ou, preste contas. O exercício de responder pelo que lhe compete, promove a reflexão necessária para superar os desafios e aprimorar a busca por resultados, evitando o “jogo de empurra” e a culpabilização do outro. Assim, prestar contas é um dos impulsionadores do engajamento individual.
O engajamento motiva o esforço adicional e facilita a comunicação entre os indivíduos, pois subentende interesse do indivíduo no resultado final a que responde. As organizações devem comunicar com clareza seus valores, visão e o resultado almejado e permitir a autonomia e a liberdade de seus colaboradores para encontrar as melhores soluções dentro dos parâmetros traçados e prestar contas.
Ademais, a sociedade, que nada mais é que um grupo de indivíduos, se beneficia com a propagação dos dois conceitos. Apesar de dada e recebida, não há garantia que a responsabilidade será efetivamente assumida pelos indivíduos. Mas uma vez assumida, a prestação de contas será indissociável, pois faz parte da escolha individual de tomar para si, ou apropriar-se, a influência sobre uma situação ou resultado. Assim, cada vez mais, representantes da sociedade devem assumir suas responsabilidades e responder por suas ações: o que fazem, como fazem, por qual motivo, a qual custo, quais resultados almejados e obtidos, quais falhas, quais correções. Não se trata somente de apresentar números e indicadores, mas de auto-avaliar o próprio trabalho.
Concluindo, assumir responsabilidade e prestar contas fortalece e liberta o indivíduo. São princípios fundamentais, que permitem maior protagonismo.
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