Parece difícil para a maioria das pessoas entender princípios econômicos básicos e as repercussões óbvias do uso da coerção estatal no mercado. Eu acho tudo isso muito simples, basta entendermos que a coerção não muda os princípios econômicos, ela apenas interfere nos seus resultados, normalmente para pior.
Os princípios econômicos fundamentais que precisamos ter em mente quando vemos o governo intervindo no mercado através da coerção são poucos, listo abaixo alguns:
1. Gastos
Governo não cria valor algum, para ele poder trocar os valores que não possui por aqueles que ele deseja, precisará, antes, subtrair valor já criado de quem os criou. Isso só é possível com o uso da coerção. Quando o governo se intromete na economia é apenas uma infernal máquina de redistribuição violenta de recursos. Suga o valor existente no mercado, retém parte para si e distribui para aqueles que ele pretende favorecer com privilégios.
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2. Tributação
Sempre que o governo decidir gastar, não adianta espernear, ele terá que tributar. Cada centavo despendido pelo governo será retirado de alguém, queira essa pessoa ou não. Ou vocês não sabem o significado de coerção? Governos não tributam porque não têm mais o que fazer, governos tributam para gastar. E tem mais, governos podem seguir gastando mesmo quando não conseguem mais tributar.
3. Dívida
Se o governo gastar mais do que consegue tributar ele vai pedir acabar recorrendo àqueles que poupam no mercado. Ele não tirará os recursos à força, ele simplesmente pedirá emprestado o dinheiro que está disponível no mercado financeiro. Não podemos esquecer que o mercado financeiro sabe que o governo nada produz e que ele detém o poder de coerção para tributar com o propósito de pagar suas dívidas acrescidas dos juros, que passarão a fazer parte daquilo que o governo pretende gastar no futuro.
Quando o governo intervém no mercado financeiro obrigando os poupadores a alocarem recursos para ele, os juros sobem para quem precisa tomar emprestado. Como o governo tem o poder de coerção, ele acaba privilegiando aqueles que ele tem interesse em manter como aliados, emprestando o dinheiro que ele toma emprestado com juros subsidiados e prazos largos para pagar. Isso quando ele cobrar.
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4. Inflação
A oferta de recursos no mercado é sempre limitada, se o governo gastar mais do que ele consegue tributar e tomar emprestado, a saída paliativa que ele tem é fabricar o dinheiro para pagar as contas. Basta o governo imprimir cédulas de dinheiro para pagar suas contas que o problema da falta de recursos, aparentemente, fica resolvido.
Ocorre que, toda vez que o governo imprime e inunda o mercado com moeda (dinheiro ou crédito), o valor de cada unidade monetária diminui porque a relação entre o volume de moeda existente com relação aos bens produzidos na economia se dilui.
Quando o mercado, formado pelas empresas que produzem e pelos consumidores, percebe que houve um aumento na oferta monetária, reagirão gradativamente, na medida da sua capacidade de percepção, aumentando os preços dos bens e serviços oferecidos no mercado, inclusive os preços da mão-de-obra, aluguéis e juros.
5. Colapso
Portanto, nossa preocupação não deve focar, primariamente, no volume de recursos que o governo tira, mas sim no volume de recursos que ele dá.
Tributação, dívida e inflação demais leva ao empobrecimento dos indivíduos porque os impostos, os juros e a depreciação da moeda reduzem o poder aquisitivo daqueles que não são agraciados pela coerção do governo. Mesmo esses, com o tempo, acabarão prejudicados pois, ao final desse círculo vicioso, só restará o colapso.
+ Rachewsky: O governo deve se afastar totalmente da economia
Uma redução nas alíquotas de imposto pode gerar estímulos a uma maior produção, o que resultaria, no final das contas, em um aumento também na arrecadação do governo.
Imposto sempre é um empecilho para a produção e pode ser também, dependendo da forma e intensidade que é cobrado, um problema para o próprio governo que na ânsia de cobrar muito, acabará arrecadando menos.
Então, não é errado querer menos tributação, independentemente do governo reduzir seus gastos, só é mais difícil das pessoas compreenderem o processo.
É óbvio que governos, ao gastarem menos, reduzirão a sua necessidade inescapável de tributar menos os indivíduos.
6. Regulação
Tão perniciosa quanto a tributação que traumatiza a sociedade, é a regulação que a imobiliza. Regulação e tributação são doenças degenerativas que atacam o organismo social, como um câncer ou uma artrose. Vão impedindo que suas células ou órgãos possam se desenvolver com saúde e com capacidade para gerar os valores necessários para a sustentação da vida e dos anseios dos indivíduos. Não há organização melhor para a promoção da vida em um ambiente saudável e próspero do que aquela que permite à sociedade cooperar voluntariamente. Todas as sociedades que se basearam na coerção, seja para tributar ou regular a criação de valor, com o uso de coerção, depararam-se com a opressão e terminaram na miséria.
Fonte: “Instituto Liberal”, 24/05/2018