Quando um grupo diz que não quer o consenso e sim a polarização, esquece que naquele grupo já há um consenso estabelecido entre os seus membros.
O problema não está propriamente no consenso, mas na forma como se chegou a ele.
Quando um grupo cede nas suas convicções e abre mão de princípios e valores que entende moralmente válidos e corretos, exatamente aqueles que fizeram com que os integrantes daquele grupo chegassem a um consenso entre si e criasse a polarização com os integrantes do grupo discordante, não está buscando o consenso, mas a rendição pelo comprometimento da própria integridade.
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O verdadeiro consenso não deveria ser forjado apenas pela aproximação dos polos antagônicos e distantes entre si pelas divergências inconciliáveis.
O que deveria determinar o consenso é a aproximação de ambos da realidade objetiva corroborada pela lógica.
Não adianta os polos coincidirem entre si se eles não coincidem com a realidade. Estará se criando uma unanimidade burra, como já dizia Nelson Rodrigues.
Apenas quando os polos coincidirem com a realidade, o consenso entre grupos até então polarizados deveria se estabelecer.
E como seria possível convergir para o consenso sem que se abra um diálogo?
Apenas exercitando a liberdade de expressão se pode guiar as mentes em direção à verdade, abstrações obtidas da realidade confirmadas pela lógica.
Fonte: “Instituto Liberal”, 16/06/2018