Quando se esperava a generosidade do bom velhinho, os cidadãos e as empresas gaúchas foram premiados com um aumento de 30% na conta de luz. Sim, sempre é possível criar justificativas para os piores absurdos. Sabidamente, as palavras podem perder consistência em um mundo despido de significados. Nesse contexto, a vida ensina que o primado da razão muitas vezes se ausenta na assembleia dos acontecimentos. E é, justamente, nos vácuos de irracionalidade que surge o inarredável dever político de falar a verdade e proteger os justos anseios de uma sociedade cansada de ser oprimida pela incompetência governamental.
O fato é que não podemos mais aceitar a perversa lógica das opções políticas brasileiras. Temos um setor estatal caro e impagável. O impressionante é que, ao invés de rompermos com a ciranda do gasto público, seguimos a estimulá-la com químicas tributárias e tarifaços escancarados. Assim, vamos jogando recursos produtivos em uma máquina de trituração chamada “Estado” que, de tão obeso, é incapaz de estender o braço e proteger o cidadão.
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Chega. Não dá mais. É preciso interromper essa marcha da insensatez. Crescimento econômico se faz com estímulos adequados e, não, com onerações excessivas. O exorbitante aumento da conta de luz é trágico para setores produtivos dependentes do custo energético, além de impactar gravemente as despesas do cotidiano das pessoas. Isso sem contar que haverá repasse no preço dos produtos e serviços ao consumidor final, aumentando, por consequência, a pressão inflacionária ao longo da curva.
Para refinar a traficância, cumpre ainda destacar que estamos a viver uma severa estagnação com tímidos avanços econômicos, sendo completamente despropositado propugnar um tarifaço de inopino. Ora, a sociedade precisa reagir. Se ficarmos passivos e calados, seremos apenas escravos fantasiados de cidadãos. A democracia nos torna livres e, por assim ser, potenciais senhores dos nossos destinos. Mas qual o valor da liberdade quando os cidadãos conscientes se omitem do dever democrático de enfrentar os desmandos do poder?
Fonte: “GauchaZH”, 21/12/2017
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